04/11/2016 às 10h40min - Atualizada em 04/11/2016 às 10h40min

Cine Teatro Globo, Festival de Cinema de Três Passos, Cidade Cinematográfica e seus caminhos de luz e sombras

Nenhuma arte simula a vida como o cinema. Todavia, não é uma vida. Também não é propriamente uma arte. Porque é uma acumulação, uma síntese de todas as artes. O cinema não existiria sem a pintura, sem a literatura, sem a dança, sem a música, sem o som, sem a imagem, tudo isto é um conjunto de todas as artes, de todas sem exceção”. (Manoel de Oliveira, Cineasta Português)
 
A história do Festival de Cinema de Três Passos passa necessariamente pela longeva e sempre nova casa de projeções, Cine Teatro Globo, mantida e cuidada com muito esmero e carinho durante tantos anos pela tradicional família três-passense Levy. Prova disto é o entusiasmo com que os visitantes elogiam e admiram esta bela casa de cinema.
Lembro que, desde muito pequeno, eu e meu irmão Nilo íamos à sessão das 14 horas de domingo, sempre bem vestidos, com bermuda de tergal, camisa branca, gravata borboleta e sapato passo doble. Naquela idade assistíamos ao Tarzan, Chaplin e Gordo e o Magro. Mais tarde iria com meus amigos de infância para assistirmos filmes de faroeste, trocarmos revistas, batermos os pés  quando aparecia o mocinho e enxotar o corvo da United Artist. Na década de 70, começávamos a ir à sessão dominical das 18 horas para ver tantos bons filmes e principalmente olhar a menina desejada, que igual ao cinema era puro sonho e imaginação.
Depois deixar Três Passos e buscar outros rumos, mas nunca abandonando o cinema e buscando entender melhor esta linguagem cinematográfica que fascinava a tantos. Conhecer em tantas telas da capital: Bergman, Fellini, Pasolini, David Lean, Kurosawa, De Sicca, Truffaut, Resnais, Welles, Zefirelli, Wildner, Capra, Herzog e tantos outros grandes cineastas geniais e magistrais.
Depois sentir a necessidade de ler sobre esta belíssima arte e entender ou tentar compreender esta linguagem de sonhos, de artes e de metáforas, que sabíamos que teria que ser analisada fotograma a fotograma, plano a plano, para que pudéssemos saber ou imaginar a intenção e a proposta de cada realizador.
Depois do ENTRESPA tive a ideia de fazer um Festival de Cinema na minha querida cidade natal e neste meu querido e majestoso Cine Teatro Globo. E a partir daí a primeira reunião, eu e o Carlos Grün, na casa do meu irmão Tito. Alinhavamos a primeira reunião com mais pessoas e a partir daí mãos à obra. Este sonho seria possível? Achávamos que sim e foi possível com sacrifício e trabalho de alguns, com a colaboração da sociedade, do comércio local, com ajuda do Legislativo e do Executivo, chegamos e saímos triunfantes do primeiro Festival.  Veio o segundo também com sucesso. Estamos com o terceiro em andamento e com tantas expectativas em torno dele.
Na esteira do Festival de Cinema  de Três Passos veio o belíssimo projeto “Cidade Cinematográfica”, elaborado pelo cineasta  Henrique Lahude, e que trouxe entre  as várias atividades: o eixo de alfabetização audiovisual para professores e alunos da rede pública estadual e municipal de Três Passos, a oficina mãos à obra cujo resultado são dois curtas-metragens “O entalhador de histórias” e “Paladino futebol paixão”, que foram exibidos na Mostra não competitiva do Festival, no dia 9 de novembro. Outra atividade do Projeto Cidade Cinematografia foi o Cineclube, que acontece às quartas-feiras e que nos brindou com obras importantes do cinema, como “Filme Sobre um Bom Fim”, de Boca Migotto; "Mundurukânia, Na Beira da História", de Miguel Viveiros de Castro;  “O Iluminado”, de Stanley Kubrick; “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert; “Jules e Jim”, de François Truffaut; “Cães de Aluguel”, de Quentin Tarantino; “Cria Cuervos”, de Carlos Saura; “O Homem Urso”, de Werner Herzog; “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha; “Macunaíma”, de José Pedro de Andrade; “Cidadão Kane”, de Orson Welles; “Sonhos”, de Akira Kurosawa; “Um Corpo que Cai”, de Alfred Hitchcock; “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro; “Ladrões de Bicicletas”, de Vitório De Sicca”; “Era uma Vez no Oeste”, de Sergio Leone; “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger; “Taxi Driver”, de Martin Scorsese; e “São Paulo S/A”, de  Luís Sérgio Person.
Por tudo isto podemos nomear a cidade de Três Passos como CIDADE CINEMATOGRÁFICA e tendo a certeza que a partir de tudo isso muitas coisa boas e interessantes, nessa área, virão para nossa cidade e região.
E está ai o 3º Festival de Cinema de Três Passos com obras importantes do cenário nacional e internacional sendo projetadas na mágica telona do nosso Cine Teatro Globo.
Parabéns à Família, ao Henrique Lahude e a todos do Projeto Cidade Cinematográfica e aos organizadores do Festival de Cinema de Três Passos
Vida longa ao Festival!!!
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