04/11/2016 às 10h37min - Atualizada em 04/11/2016 às 10h37min

“Taxi Driver” e a solidão entre pessoas, cheiros e rituais

"Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora". (Martin Scorsese)
 
“Taxi Driver” é um filme moroso no seu dia a dia e violento nas suas entranhas, na sua essência. Vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, o longa de Scorsese transita entre politica, solidão, pornografia e violência, mostrando  a lenta evolução do atormentado personagem  Travis Bickle (Robert De Niro) rumo ao seu caos interior. Travis se sente um predestinado e que confabula contra drogados, prostitutas, homossexuais, negros e os menos favorecidos  da sociedade americana. Taxista na noite de Nova York, não tem amigos e tenta se aproximar de uma linda mulher (Cybill Shepherd), que faz campanha para um candidato à presidência dos Estados Unidos. Esta relação não tem êxito e a partir dai o personagem começa sua transformação e degradação. Conhece uma prostituta (Jodie Foster) e tenta livrá-la deste seu mundo de exploração sexual e vícios. No papel de cafetão desta prostituta aparece o excelente ator Harvey  Keitel.
É do filme a famosa frase de Robert De Niro (Travis Bickle) para ele mesmo, no espelho, “Are you talkin to me” (“Tá falando comigo”), mostrando toda a paranoia e a solidão do personagem.
O filme é claustrofóbico e feito nas sombras de uma cidade mergulhada em seus escombros e escolhas. A narrativa em off de Bickle e a trilha sonora impactante e cadenciada de Bernard Herrmann nos conduzem neste clima de expectativas e interrogações.
No final do filme, a surpresa. O personagem, depois de matar um monte de gente que ele considera a escória da sociedade, passa a ser um herói por ter feito com que  Jodie Foster, a prostituta, saísse das garras  do vicio e deixasse seu ofício retornando para a casa dos seus pais, no interior.  Final emblemático, podendo ser traduzido como tragédia ou como redenção do personagem.
No atual cinema americano, ninguém melhor que Scorsese para mostrar esta sociedade com seus fracassos e dilemas. Diretor consagrado por inúmeras obras belíssimas do Cinema, Scorsese continua em atividade e sempre nos surpreendendo com bons filmes. Scorsese, como Hitchcock, costuma aparecer em seus filmes. Neste “Taxi Driver” ele aparece duas vezes. Na mais longa aparição, dentro do taxi de Bickle, faz o papel do marido traído e que observa a sua ex-mulher na janela.
Os filmes mais importantes de Martin Scorsese são: “Alice Não Mora Mais Aqui”, “O Touro Indomável”, “Os Infiltrados”, “Os Bons Companheiros”, “Cassino”, “Depois de Horas”, “A Invenção de Hugo Cabret”, “O Cabo do Medo”, “O Aviador”, “A Ilha do Medo”, “Gangues de Nova York”, “A Cor do Dinheiro”, “O Último Show de Rock”, “New York, New York”, “Na Época da Inocência”, “No Direction Home – Bob Dylan”, “A Última Tentação de Cristo”, “Contos de Nova York”, “The Rolling Stones Shine a Light”, “O Lobo de Wall  Sreet”, “Caminhos Perigosos”, “O Rei da Comédia” e “Quem Bate à Minha Porta ?”.
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