Quando observamos da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: - Já se foi! Será que sumiu? Evaporou? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas, ele continua o mesmo. E, talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro". Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena. A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos. Quando um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar necessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada. Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico: noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajantes da imortalidade que somos todos nós. Eu acredito!
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SER
Ser é dí/vida
é resgate pago aqui
mesmo em muito nascer
é resposta de raízes do universo.
Ser é á/vida evolução
é percurso estéril
é ágape de dores
é luz imersa negrume.
Ser é quando
o ventre com/porta
feto novo de velho sábio
de vi/n/das outras.
Ser é o parto que con/vida
um novo estágio de amnésia.
Ser é dí/vida... aos que não aceitam
é dú/vida.
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Um abraço para o meu amigo Salamar Reichenbach. Parceiro!