26/05/2017 às 09h43min - Atualizada em 26/05/2017 às 09h43min

Rivalidade político-ideológica ou econômica?

A tradicional rivalidade entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSB) acentuou-se nos últimos dias. De um lado, aqueles que afirmam a existência de um golpe institucional para a assunção de Michel Temer (PMDB) à Presidência da República. De outro, aqueles que dizem não terem contribuído com seu voto para reeleger nem Dilma Rousseff (PT), nem o peemedebista.
A retomada desse discurso foi a divulgação das gravações realizadas pelo empresário Joesley Batista, vinculado ao grupo JBS. A suposta atuação do atual chefe do Executivo para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), e a eventual fala do senador Aécio Neves (PSDB), candidato ao Palácio do Planalto em 2014, suscitaram as manifestações de apoio a Lula (PT) e Dilma.
As redes sociais foram tomadas de postagens críticas à política brasileira. No entanto, as principais teses levantadas foram as de que todos aqueles que foram favoráveis ao impeachment da primeira mulher presidente do Brasil agora veem seus líderes envolvidos com a famosa corrupção. Na verdade, o sentimento de elevar o ego e bradar a vingança, em suma, da esquerda apoiadora dos políticos petistas falou mais alto.
Todavia, no tocante à corriqueira polarização de PT e PSDB, os líderes tucanos agiram de forma diferente na atual conjuntura. Enquanto os petistas, em geral, no que tange às investigações contra Lula, por exemplo, externaram alegações defensivas ao ex-presidente popular, os correligionários da Social Democracia, com raras exceções, ergueram a bandeira da necessidade de punir os corruptos, independentemente de partido político.
Porém, em que pese a indiscutível contribuição que a Operação Lava Jato e seus desdobramentos estão realizando para a moralização política, uma coisa é clara: os cidadãos estão, dia a dia, mais desacreditados. Eventual punição dos líderes envolvidos em corrupção, ao mesmo tempo em que demonstrará uma espécie de justiça, não conseguirá, talvez, oferecer à sociedade a retomada ética do agir público em prol do bem comum.
As principais lideranças, com renome nacional e postulantes ou ocupantes dos cargos de alto escalão, já foram delatadas por diversos empreendedores e políticos. Isso significa uma sistêmica e estável ação criminosa que atuou – e provavelmente segue agindo – em benefícios próprios, retirando a função nobre da política que é o trabalho aos fins propostos pelo Estado e pela Constituição Federal de 1988.
A corrupção rompe com os ditames de uma sociedade justa, igualitária e fraterna. O resultado é a generalização de que todos os políticos almejam privilégios individuais. A sociedade perde a sua representatividade e governabilidade junto às instituições construídas justamente para atender às necessidades do povo. O dinheiro, muito em desvio para propina, dita os rumos da política, da economia e dos cidadãos.
Percebe-se, à vista disso, que o poder, seja para a sua perpetuação ou manutenção, demonstra exigir que muitos agentes deixem de lado os princípios da Administração Pública e da Ciência Política, independentemente de linhas doutrinárias, para se corromperem a fins absolutamente contrários às reinvindicações sociais. Aliás, será que ainda há no Brasil debates ideológicos entre as agremiações partidárias ou apenas fins econômicos entre seus líderes?
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