26/05/2017 às 09h41min - Atualizada em 26/05/2017 às 09h41min
Iana
Muitas vezes as coisas batem à nossa porta e ainda assim evitamos falar a respeito por ser mais fácil. É simples, o que os olhos não veem, o coração não sente. Acontece que em tempos de bullyng, rede social e falatórios é quase impossível que as coisas não cheguem a nós.
No último domingo eu terminei de assistir à série 13 Reasosn Why. Se você tem filhos e ainda não viu, eu recomendo que tire um tempinho, e por mais chocante que possa parecer, por mais pesadas que as cenas possam parecer, se julgar que é possível, assista com eles. Crie a oportunidade de um diálogo e ao final abrace seu filho.
Baleia Azul, suicídio, mutilação, depressão. Isso não bate apenas na porta do vizinho. Você sabe mesmo o que está acontecendo diariamente com o seu filho? Uma menina se matou, essa semana mesmo, na quarta. Você soube? Ali em Ijuí. Filha de professor, deixou uma carta (não divulgada). Uma menina linda, com um futuro pela frente, estudante, provavelmente vivendo seus primeiros amores. Com sonhos para realizar. Pulou do quarto andar. Corajosa ela. E egoísta.
Hanna Backer, a menina do seriado. Cortou os pulsos, dentro de uma banheira, na própria casa. Sangrou até a morte. A cena é chocante. Fiquei mal. Chorei por horas. O desespero da mãe ao encontrar a filha daquele jeito. 13 gravações em fita foram deixadas para contar o que a levou até aquela decisão, 13 modos que ela pediu socorro, pessoas que ela implorou para que alguém dissesse que ela era importante e especial, mas aos olhos dela, ela era um empecilho na vida das pessoas que ela amava! Um erro de percepção. Mas, quem pode julgar uma menina que foi xingada, difamada, abandonada e estuprada?
Essa semana conversávamos, eu e o Salvadori, na nossa infância (claro que a dele aconteceu bem depois que a minha!!!) fugíamos de casa de manhã, voltávamos à noite e ainda apanhávamos de chinelo. Hoje as crianças e adolescentes pulam de prédios, agridem colegas. Matam e morrem. A que ponto chegamos?
Quantas vezes conversamos olhos nos olhos? Quanto ensinamos nossos filhos a ser fortes, encarar ao invés de fugir. Quanto eles sabem que nos importamos, que estamos ao seu lado para amar e proteger? Que valores eles estão carregando? Depressão é assunto sério (embora muitos criem a sua depressão para chamar a atenção). Mas, certamente crianças e adolescentes estão vivendo um mundo tão acelerado que os estamos perdendo. Estamos perdendo nossos bebês antes mesmo que possamos saber o que está acontecendo.
Pergunte mais, importe-se mais, questione muito mais. A capacidade de empatia pode salvar vidas e te tornar uma pessoa muito mais feliz.
Ao final devemos nos perguntar, não somos um POR QUÊ? Não estaríamos na fita de alguém? Dizemos o que realmente sentimos para as pessoas que precisam saber? Sentir e não falar, é o mesmo que não sentir...