03/07/2020 às 15h59min - Atualizada em 03/07/2020 às 15h59min

“Problema número um”, diz secretária de Saúde sobre falta de sedativos em hospitais do RS

Site - gauchazh.clicrbs.com.br
A falta de medicamentos anestésicos, que tem levado hospitais a suspenderem cirurgias eletivas, está no topo da lista de problemas no Rio Grande do Sul. Pior em outros Estados, a dificuldade para comprar ou receber os insumos está piorando no Estado gaúcho.
Os medicamentos sedativos e anestésicos são usados em procedimentos com anestesia e em pacientes entubados. Como pessoas infectadas por coronavírus podem passar muitos dias na UTI, o consumo é acelerado — um estudo da Anvisa identificou que o gasto durante a pandemia é semelhante ao utilizado durante todo o ano de 2019.
Apesar de a compra dos insumos ser responsabilidade dos hospitais, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) está preocupada com o assunto. Segundo a secretária Arita Bergmann, apesar de o Estado ter preparado a rede de saúde, a dificuldade envolvendo medicamentos apareceu inesperadamente e, hoje, é o principal problema no enfrentamento da pandemia.
— O problema número um do Rio Grande do Sul hoje, como do resto do país, é a questão do kit entubação e dos anestésicos. (...) Esse é nosso gargalo número um hoje. Porque o Estado preparou a rede, está fazendo todo o trabalho de orientação, tentando diminuir a velocidade do vírus, e aí aparece esse novo problema que é a questão da medicação. Muito preocupante — disse, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (3).
 A SES está fazendo um levantamento para verificar se as distribuidoras dispõem destes insumos no Rio Grande do Sul — alguns hospitais alegam que não conseguem comprar e que as empresas não garantem prazos de entrega, e outros alertam para a falta dos medicamentos no mercado interno. Ao mesmo tempo, o Estado manifestou interesse na ata de registro de preços do Ministério da Saúde.
— Esperamos que o Ministério da Saúde consiga importar medicação. (...) Estamos orientando remanejo da medicação para poder suprir as carências — afirmou.
Além da dificuldade para encontrar o produto, o sobrepreço afeta os hospitais, já sobrecarregados com o custo do enfrentamento à pandemia.
— Eu não sei se há falta, mas temos a informação de que alguns hospitais que compravam por R$ 5 um produto, hoje ele está em R$ 25. Então também tem isso. A questão do preço é real. (...) Não sei o que vai acontecer, mas estamos muito atentos, em contato com Brasília, para verificar se há uma solução — disse.
Arita Bergmann também comentou sobre os números alarmantes de crescimento na demanda por leitos de UTI no Rio Grande do Sul. Segundo ela, o Estado tem usado todos os recursos possíveis — na última semana, 140 respiradores recebidos do governo federal foram repassados aos hospitais. No entanto, a população também precisa fazer sua parte:
— É importante que se diga que essa estrutura nunca será suficiente se não tiver medidas fundamentais para que a população, gestores e empresas também possam cumprir aquilo que está no protocolo do distanciamento controlado. Nossa fala se centraliza muito em mostrar para a população que, se puder, fique em casa, porque aglomerações são vetores de transmissão do vírus.

Suspensão de cirurgias
Pelo menos 10 hospitais suspenderam ou reduziram procedimentos eletivos por falta de insumos no Estado. O levantamento, feito pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Rio Grande do Sul, leva em conta os dados coletados nesta quinta-feira (2) (veja lista ao fim do texto).
Entre 19 e 22 de junho, um levantamento da SES identificou que, de 22 medicamentos pesquisados, dois estavam em falta. Outros dois tinham estoque para entre dois e quatro dias, e outros dois, entre 12 e 18 dias. A coleta de dados, repassada a GaúchaZH pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), levou em conta os hospitais incluídos no Plano de Contingência estadual.
 
São sedativos, anestésicos, bloqueadores neuromusculares e medicamentos adjuvantes na sedação, utilizados na intubação e na manutenção da intubação.
Instituições que reduziram ou suspenderam cirurgias eletivas no RS


Hospital Nossa Senhora das Graças, de Canoas
Hospital de Caridade de Ijuí
Hospital Vida e Saúde, de Santa Rosa
Hospital Leonilda Brunet, de Ilópolis
Hospital Panambi, de Panambi
Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Camaquã
Hospital Vila Nova, de Porto Alegre
Hospital Geral, de Caxias do Sul
Hospital de Caridade, de Carazinho
Hospital Montenegro, de Montenegro

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