02/12/2024 às 11h04min - Atualizada em 02/12/2024 às 11h04min
Dezembro Laranja reforça os cuidados contra o câncer de pele
Gaucha ZH
Leonidas / stock.adobe.com O câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em um país tropical, onde o sol é companheiro constante, a exposição inadequada à radiação solar é uma das principais causas da doença.
O ano de 2024 deve registrar cerca de 220 mil casos de câncer de pele não melanoma e mais de oito mil de melanoma, conforme o Inca. Os números demonstram a necessidade de conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessa doença. Esse é o intuito da campanha Dezembro Laranja.
— Entre os cânceres de pele, o mais comum é o carcinoma basocelular. Apesar de menos agressivo, ele pode causar ressecções amplas e disfunções estéticas se não tratado. Já o melanoma, embora menos frequente, é o mais perigoso. Se não detectado precocemente, pode se espalhar para outros órgãos e tornar o tratamento muito mais difícil — explica Suzana Hampe, preceptora e coordenadora da cirurgia dermatológica do programa de residência médica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Sinais de alerta para o câncer de pele
Detectar este tipo de câncer cedo faz toda a diferença no tratamento, aumentando as chances de cura e reduzindo possíveis danos. Porém, muitas pessoas ainda ignoram os sinais iniciais da doença, como manchas e feridas que não cicatrizam.
De acordo com a especialista, é importante observar:
Manchas: aparecimento de mancha rosada que descame ou sangre pode ser um sinal de alerta
Sinais e pintas: mudanças no tamanho, formato ou cor de pintas já existentes, assim como o surgimento de novas, devem ser investigadas
Feridas: lesões que não cicatrizam após quatro semanas merecem atenção médica
Outra dica útil para identificar alterações suspeitas é a Regra do ABCDE, que avalia características específicas de sinais que levantam um alerta:
A: assimetria – lesões assimétricas
B: bordas – irregulares ou mal definidas
C: cor – pintas com dois ou mais tons
D: diâmetro – lesões maiores que 6 milímetros
E: evolução – qualquer crescimento ou mudança na aparência do sinal
Apesar de muitas vezes serem silenciosos, os cânceres de pele podem causar coceira, dor ou outras sensações. No entanto, na maioria dos casos, a única manifestação inicial é visual.
Fatores de risco
Embora a exposição excessiva ao sol seja a principal causa do câncer de pele, outros fatores também aumentam o risco. Pessoas de pele clara, olhos claros e cabelos ruivos ou loiros estão entre os mais vulneráveis.
Histórico familiar, doenças de pele prévias, sistema imunológico debilitado e exposição à radiação artificial, como em câmaras de bronzeamento artificiais com lâmpadas que aumentam a incidência do melanoma, proibidas no Brasil, são fatores que demandam atenção.
— Apesar de ser mais comum em pessoas de pele clara, o câncer de pele pode atingir qualquer tom de pele. Pessoas pretas, por exemplo, podem desenvolver melanoma em áreas menos pigmentadas, como as palmas das mãos e plantas dos pés — ressalta a dermatologista.
Formas de prevenção
O câncer de pele é prevenível e os cuidados começam com medidas simples, como:
Evite o sol nos horários de maior intensidade: a radiação ultravioleta (UV) é mais forte entre 10h e 16h. Durante esse período, busque sombra e proteja-se, além de evitar expor crianças ao sol neste horário, devido à maior fragilidade da pele. Mesmo em dias de mormaço, é importante se proteger
Use protetor solar corretamente: o filtro deve ter FPS mínimo de 30 e ser reaplicado a cada duas horas na pele, especialmente após transpiração ou contato com a água. Para os lábios, a indicação é usar protetor solar labial
Aposte em acessórios: chapéus de abas largas, óculos com lentes UV e roupas com proteção solar são aliados
Crie o hábito diário de proteção: mesmo em dias nublados ou durante o inverno, a radiação UV pode afetar a pele
Barracas de algodão ou lona são melhores opções para quem frequenta praias e piscinas, pois bloqueiam uma quantidade maior de raios UV do que materiais como nylon.
Além disso, é recomendável a ida ao dermatologista, anualmente ou a cada seis meses, para realizar um mapeamento de todos os sinais. O importante, destaca a doutora, é conhecer a sua pele.
Exposição solar
A luz solar é importante para a produção de vitamina D, que desempenha um papel na saúde óssea e na imunidade. Porém, não é preciso exagerar.
Segundo Suzana, no verão, poucos minutos de exposição são suficientes. Cinco minutos para pessoas de pele clara e cerca de 15 minutos para peles mais escuras já costumam atender à necessidade diária.
— Em casos de deficiência de vitamina D, por exemplo, a suplementação oral é mais eficaz do que a exposição prolongada ao sol, que não vai conseguir corrigir esse problema — explica a doutora.
Como tratar o câncer de pele
O tratamento varia conforme o tipo e a extensão da lesão. Para casos menos agressivos, como o carcinoma basocelular, técnicas simples, como cirurgia excisional ou crioterapia, costumam ser suficientes.
Já em caso de tumores superficiais, também podem ser utilizados cremes que estimulam o sistema imunológico a destruir as células.
— A maioria dos tumores de pele são tratados através de cirurgia. Durante a avaliação, o dermatologista vai encaminhar o paciente para a melhor técnica possível, de acordo com o tipo de tumor — acrescenta a dermatologista.
Já para os melanomas, a abordagem pode incluir procedimentos como a cirurgia micrográfica de Mohs, a imunoterapia e a terapia-alvo.
— Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura. A maioria dos cânceres de pele são tratados com sucesso, desde que detectados em estágios iniciais — finaliza.
*Produção: Murilo Rodrigues