14/06/2021 às 09h40min - Atualizada em 14/06/2021 às 09h40min

Cresce ritmo de mortes de crianças por covid-19 no RS

Site - gauchazh.clicrbs.com.br
Consideradas menos vulneráveis a complicações da covid-19, ainda assim as crianças somam um número crescente de vítimas da doença no Rio Grande do Sul e no Brasil — onde já morreram pelo menos 1.155 menores de 12 anos até a primeira semana deste mês devido à pandemia, conforme levantamento realizado por GZH. Apesar de uma recente tendência de agravamento superior à média nacional, os gaúchos ainda apresentam o menor índice de morte infantil do país por coronavírus quando se leva em conta a população nessa faixa etária.
Em todo o ano passado, morreram oito crianças no Rio Grande do Sul com diagnóstico confirmado para o vírus. Em 2021, em praticamente metade do tempo, já foram contabilizadas mais 13 vítimas. Houve um crescimento de quase quatro vezes na velocidade de registro de óbitos: enquanto até dezembro era feita uma notificação a cada 45 dias e meio, desde janeiro o intervalo médio caiu para 12 dias.
Em nível nacional, essa aceleração ficou em 64%. O dado gaúcho, porém, deve ser visto com prudência porque o Estado apresentava, em termos absolutos, um dos números de vítimas infantis mais baixos de todo o país, atrás apenas de locais menos populosos, como Tocantins, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Acre e Amapá. Por isso, mesmo um pequeno crescimento pode resultar em um avanço percentual expressivo — o que deve servir de alerta, mas sem gerar uma impressão de agravamento exagerada.
Por esse cálculo, desde a chegada da covid-19, os gaúchos somam 11,7 crianças mortas com diagnóstico confirmado para coronavírus por milhão de habitantes com essa idade, contra uma média nacional de 30 por milhão. O pior desempenho é do Sergipe, com um índice de 145 (foi usado como critério o Estado de residência do doente), seguido pelo Amazonas, com 78,9.
   
O cenário nacional, em comparação a outros países, é bastante ruim. Uma reportagem publicada pelo Estadão em 7 de junho apontou um índice de 32,6 crianças mortas pela covid-19 por milhão, mas o jornal contabilizou apenas aquelas com menos de nove anos. Por esse recorte, o Brasil teria o segundo pior desempenho entre países com pelo menos mil mortes totais por milhão causadas pela pandemia e mais 20 milhões de habitantes. Os brasileiros ficariam atrás somente do Peru, com taxa de 41 por milhão, e à frente do México, com 18.
Segundo o epidemiologista e professor da UFRGS Paulo Petry, o mau desempenho nacional pode ser explicado por fatores como o descontrole da pandemia sob condições precárias de atendimento, já que sistemas hospitalares entraram em colapso em diversas regiões, e pela falta de um maior apoio socioeconômico às famílias.
 
No Rio Grande do Sul, por exemplo, foram notificados oito óbitos em que houve comprovação do coronavírus. Mas em outros 61 casos não foi possível identificar o vírus ou agente responsável pela contaminação. Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que, desse universo, 59 pacientes tiveram resultado negativo para o Sars-CoV-2 em exames de PCR (de alta sensibilidade). As fichas das duas vítimas restantes não foram preenchidas por completo.
A situação é semelhante em todo o país. No ano passado, o Brasil somou 1,4 mil óbitos de crianças por síndromes respiratórias em que não foi possível apontar o agente causador. Ainda não há uma explicação clara para o que pode estar por trás dessas situações.
— Não considero muito provável que esses casos de síndrome respiratória em crianças sejam covid porque, nessa faixa etária, elas não costumam desenvolver SRAG em razão do coronavírus. Pode ser outro vírus que não tenha sido detectado — analisa o infectologista Luciano Goldani.
O infectologista e pediatra Marcelo Scotta, porém, avalia que no ano passado as medidas de isolamento também ajudaram a frear a circulação de outros vírus, como o da gripe. Por precaução, Scotta recomenda aos pais manterem todas as medidas preventivas contra contaminações em relação aos filhos.
— A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos recomendam uso de máscara a partir de dois anos. Além disso, é fundamental seguir mantendo o distanciamento e deixar os ambientes sempre arejados — orienta o pediatra.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
RÁDIO DIFUSORA Publicidade 1200x90
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp