11/03/2021 às 11h09min - Atualizada em 11/03/2021 às 11h09min

Um ano de pandemia: apesar de incertezas quanto ao fim, caminhos para frear o vírus são conhecidos

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Há um ano, a dispersão do coronavírus pelo planeta levou à declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na época, o mundo tinha 4.291 mortes provocadas pela doença. Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, afirmou, naquele dia, que os países deveriam adotar estratégias para “salvar vidas e minimizar o impacto”.
O aviso foi dado, mas, ainda hoje, o mundo vive sob a ameaça da covid-19, e agora com suas novas variantes. Segundo especialistas, a contenção da pandemia passa pelo respeito às medidas de cuidado e pela vacinação, mas não é possível precisar um prazo para o seu fim. 
Nem mesmo a OMS consegue ter uma noção de quando poderá declarar o fim da pandemia. O órgão não delimitou nem mesmo os critérios para determinar esse encerramento. Em 1° de março, Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, afirmou que o vírus continua ativo.
— Seria muito prematuro, e eu diria carente de realismo, pensar que vamos acabar com o vírus até o final deste ano. Mas acho que o que podemos interromper, se formos inteligentes, as hospitalizações, as mortes e a tragédia que esta pandemia traz — disse à agência AFP, ressaltando que o objetivo do órgão é diminuir os níveis de contágio, ajudar a prevenir o surgimento de variantes e reduzir o número de pessoas que adoecem.
O mais próximo que a OMS tem de um protocolo de flexibilização versa sobre as medidas de restrições. No entendimento da organização, os países que cogitam aliviar as medidas de controle precisam levar em consideração seis critérios. São eles: controle da transmissão; capacidade de detectar, testar, isolar e tratar cada caso, além de rastrear todos os contatos; minimização dos riscos de surto; adoção das medidas de prevenção em locais essenciais; controle sobre riscos de importação do vírus; educação e engajamento da comunidade sobre as medidas adotadas. 
A médica epidemiologista Lúcia Pellanda, professora e reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), afirma que é difícil prever o término dessa cruzada, porém, ela aponta os caminhos para que a derrocada da covid-19 se concretize:
— Precisamos acabar com a circulação do vírus, e isso se dá por meio do aumento da taxa de distanciamento social, evitando aglomerações. Além de fazer o uso de máscara, lavar as mãos e deixar os ambientes ventilados. A isso, soma-se a vacinação. Países como Reino Unido, Israel e Estados Unidos, que estão vacinando bastante, já registraram queda na taxa de interação por covid. Isso é um ótimo indicativo. 
Francisco Paz, diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), ressalta que esse esforço precisa ser conjunto, não somente em nível nacional, mas mundial. Isso porque, se algumas localidades não conseguirem interromper a circulação do vírus, ele vai sofrer mutações.
 — Ele vai se adaptar, vai escapar dos neutralizantes produzidos pelas vacinas e a gente vai recomeçar o ciclo. Esse não é o caso, ainda, mas é uma possibilidade se não juntarmos esforços. Essa é uma condição que pode alterar o rumo da doença, por isso, não tem como projetar o fim da pandemia — observa. 

O papel do Brasil
Em entrevista ao programa Timeline desta quarta-feira (10), Pedro Hallal, coordenador da Pesquisa Nacional Epicovid, afirmou que a falta de uma política pública de real controle da doença fez com que o Brasil alcançasse um posto indesejado:
— O Brasil se tornou uma ameaça à saúde pública mundial porque estamos no pior momento da pandemia e, diferentemente de outros países, não temos a restrição de circulação imposta. A variante P1 (de Manaus) é mais transmissível, mas quanto mais o vírus transita, mais variantes podem surgir, inclusive uma mais letal e perigosa. 
Hallal, que também é professor de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), alertou que, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, 21% das mortes por covid-19 que aconteceram na última terça-feira (9) no mundo foram no Brasil. Esse índice ficava na casa dos 10% anteriormente:
— Os 20 maiores países do mundo, com exceção do Brasil, estão em decréscimo no número. Eles adotaram a vacinação em ritmo acelerado e restringiram o trânsito de pessoas nas ruas. Porque é isso o que nos resta fazer. O problema é que no Brasil nenhuma dessas duas coisas estão acontecendo. 
O Brasil se tornou uma ameaça à saúde pública mundial porque estamos no pior momento da pandemia e, diferentemente de outros países, não temos a restrição de circulação imposta
O apontamento feito por Hallal vai ao encontro do que disse Adhanom na última sexta-feira (5). O diretor-geral da OMS apontou a situação pandêmica brasileira como preocupante não só para o país, mas para a América Latina e para o mundo.
— A situação no Brasil, nós dizemos que estamos preocupados, mas a preocupação não é apenas com o Brasil. Os vizinhos do Brasil, quase toda a América Latina. Muitos países. Isso significa que, se o Brasil não for sério, vai continuar afetando todos os vizinhos. Então, isso não é apenas sobre o Brasil, mas também sobre toda a América Latina e além — alertou, em coletiva de imprensa. 
 
Faça sua parte
O uso da máscara ainda é um grande aliado no combate à pandemia. Para frear o coronavírus, é preciso investir no uso desse equipamento de proteção, assinala a professora de Epidemiologia da UFCSPA:
— Se não usarmos a máscara e não seguirmos as recomendações de higiene e distanciamento, a tragédia será ainda maior. Um estudo em pré-print (sem revisão de outras pessoas) feito por UFCSPA, UFPel e UFRGS revelou que a máscara reduz em 87% o risco de contágio em relação a quem usa. Usá-la é um sinal de gentileza e consideração pelo próximo. Utilizá-la é muito mais confortável do que ficar doente.

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