02/05/2019 às 08h20min - Atualizada em 02/05/2019 às 08h20min

Guaidó convoca greve geral em mais um dia de protestos na Venezuela

Maduro desmente ter ordenado avanço de blindado sobre manifestantes

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reapareceu hoje, convocando a população a um levante cívico-militar contra o presidente Nicolás Maduro. Em uma manifestação em Caracas, ele pediu que os apoiadores mantenham a pressão sobre o regime chavista, representado por Maduro, com novas marchas pelas ruas do país.

Guaidó redobrou a campanha para pôr fim ao que chama de “usurpação”. Ele participou de uma manifestação em Caracas na tarde de hoje e discursou para apoiadores. “Na Venezuela, a única forma de haver um golpe de Estado é me prendendo. Pelo contrário, hoje são os valentes militares e civis que dão um passo adiante e estão com a nossa Constituição”, disse à população.

Pelo Twitter, Guaidó chamou os venezuelanos para uma greve geral e afirmou que os funcionários públicos do país também o estão apoiando. “A fase final da Operação Liberdade começou ontem com a participação das nossas Forças Armadas e agora nossos empregados públicos se uniram [a nós]. Vamos acompanhá-los em sua proposta de paradas escalonadas que começa amanhã [2] até chegar à greve geral”.

A conta de Guaidó no Twitter passou o dia postando fotos de manifestações que, segundo ele, aconteciam em várias cidades do país contra o governo.

Do outro lado, Maduro e integrantes do governo divulgaram manifestações favoráveis ao governo. Tanto Guaidó quanto Maduro se mostraram do lado da paz e da Constituição do país.

O presidente autoproclamado deu início à “Operação Liberdade” ontem, afirmando que tinha apoio das Forças Armadas da Venezuela. Nas manifestações de ontem, apoiadores de Guaidó foram às ruas e entraram em confronto com militares. Uma cena chamou a atenção do mundo inteiro, quando um blindado militar atropelou um grupo de manifestantes contrários a Maduro.

Maduro fala à população
O presidente da Venezuela também se pronunciou, nesta quarta, em fala transmitida pela televisão oficial do governo. Ele negou ter ordenado o avanço do blindado contra manifestantes e voltou a acusar os Estados Unidos de planejarem um golpe de Estado contra o governo. Maduro também deu um recado a Guaidó, dizendo que só se chega à presidência pelo processo eleitoral. “O povo põe, o povo tira”, ressaltou.

Apoio militar a Guaidó
Apesar de o opositor anunciar o apoio das Forças Armadas, ainda não se sabe quantos militares do alto escalão abandonaram Maduro. O núcleo militar do governo brasileiro, que defende a interinidade de Guaidó, informou não saber a dimensão do apoio militar ao opositor do chavista.

Mais cedo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, admitiu que Guaidó não dispõe de apoio militar no alto escalão das Forças Armadas venezuelanas, ainda leal a Maduro. “Temos a impressão que o lado de Guaidó é fraco militarmente”, disse. Para Heleno, a crise no país vizinho ainda está longe de um desfecho.

Há vários meses, a Venezuela passa por uma severa crise econômica. Atingido pela hiperinflação, o país sofre com o desabastecimento cada vez mais intenso e com a falta de emprego e perspectivas. Milhares de venezuelanos seguem deixado o país em busca de oportunidades de emprego em países vizinhos, como Colômbia e Brasil.


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