09/11/2018 às 11h31min - Atualizada em 09/11/2018 às 11h31min

Por que os homens vão menos ao médico?

Ir ao médico preventivamente não é uma medida muito comum ao público masculino. É o que aponta a pesquisa do Centro de Referência da Saúde do Homem de São Paulo, divulgada em 2016. A presença dos homens em consultas médicas é 30% menos que o das mulheres e, além disso, a pesquisa mostra que 60% dos pacientes chegam ao serviço com a doença avançada.
Para entender o porquê da baixa procura deste público, o Jornal Atos e Fatos conversou com a psicóloga clínica, especialista em Psicoterapia, Sabrina Gulko.
 
1 – Por que os homens têm mais dificuldades em expressar seus sentimentos?
 A questão de expressar sentimentos sempre foi algo mais natural e permitido, socialmente falando, ao universo feminino do que ao masculino. Vemos numa sociedade machista onde até pouco tempo se ensinava às crianças que homem não chorava. Ou seja, não eram aceitos socialmente todo e qualquer expressão de sentimentos aos homens. Principalmente os sentimentos de fragilidade e vulnerabilidade. Aos poucos isso está mudando. No momento que ensinamos aos nossos filhos sobre a importância de "permitir" a livre expressão de sentimentos também ao sexo masculino, vamos mostrando valores diferentes dos até então aceitáveis dentro da cultura. E que sentir e poder de alguma forma expressar esses sentimentos não é sinal de fraqueza alguma, não afetando em nada a masculinidade de cada um.
 2 – Por que os homens resistem em cuidar da saúde?
Culturalmente falando, o que sempre foi "permitido" e aceito como pertencente ao universo masculino foi o trabalho árduo. Afinal até muito pouco tempo era o homem o "chefe" da família e o responsável pelo sustento financeiro da mesma. Não se falava tanto sobre o cuidado com a saúde física e mental. Hoje já é bem mais falado e aceito socialmente que também os homens necessitam ter cuidado com sua saúde levando-os mais facilmente aos médicos bem como as academias. Mas a influência cultural é algo que não se dissolve da noite para o dia. Nisso mexemos na cultura que sempre colocou o homem como um "super-herói”. Afinal, hipoteticamente não adoece, não se fragiliza e nem precisaria ter contato com sentimentos que fazem parte de todos nós, justamente devido a essa influência muito machista de olhar o mundo.
3 – Em um relacionamento, o papel da mulher é fundamental na iniciativa do homem procurar cuidados para saúde?
Em um relacionamento afetivo o papel de um é fundamental para o outro e vice-versa independentemente do sexo em questão. Em um relacionamento é essencial que ambos possam cuidar de si bem como do outro. Esse cuidado é muito maior do que se imagina. É uma parceria. É poder olhar e perceber como esse outro está. É estar ao lado apoiando e incentivando bem como poder se sentir olhado e cuidado. Um acaba sendo exemplo e motivação para o outro é para si mesmo.
4) Quais são as barreiras que devem ser derrubadas para viver uma vida saudável (fisicamente/mentalmente)?
As barreiras a serem derrubadas para tentar se viver melhor física e emocionalmente ao  meu ver são:
a) querer viver bem, saindo do lugar de vítima;
B) colocar em prática o que é necessário para se viver bem, ou melhor, do que até então;
C) parar de empurrar necessidades pessoais para amanhã ou para depois. Ou seja, deixar de colocar empecilhos em seu próprio caminho;
D) colocar em prática o que deve ser feito para chegar aos seus objetivos pessoais (físicos ou emocionais).
 
 
Sabrina Gulko, Psicóloga Clínica, formada há 21 anos pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos. Especialista em psicoterapia da infância e adolescência (CEAPIA) e Especialista em psicoterapia de adultos (CELG/HCPOA).

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