28/11/2024 às 09h54min - Atualizada em 28/11/2024 às 09h54min

Polícia Civil realiza operação contra grupo suspeito de fraudar emissão de documentos de veículos

Gaucha ZH
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Um telefonema anônimo em novembro do ano passado deu início a uma investigação policial que descobriu um esquema de fraude na emissão de documentos de veículos na Região Metropolitana. Quinze mandados de busca e apreensão são cumpridos nesta quinta-feira (28) pela Polícia Civil em residências e empreendimentos do grupo suspeito de envolvimento na fraude. As diligências são realizadas em três cidades — Canoas, Sapucaia do Sul e Alvorada.
Até o momento, placas de carro, telefones, computadores, documentos, três armas de fogo e uma quantia de R$ 86 mil em espécie foram apreendidos pela polícia. Quatro pessoas foram encaminhadas para a delegacia para prestar esclarecimentos.
Com os itens apreendidos, a operação, de nome Carta Branca, busca descobrir mais detalhes do esquema, que teria desviado ao menos R$ 53 mil que seriam destinados ao Detran.
Uma ex-funcionária de um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) de Canoas e 12 despachantes são apontados como participantes do esquema. A então servidora emitiria documentos de transferência de automóveis de forma irregular para esses despachantes, mediante pagamento de propina. Segundo a polícia, em apenas três meses ela teria emitido mais de 2,9 mil documentos fraudados.
A suspeita da polícia é de que essa prática serviria para "legalizar" veículos clonados — automóveis furtados ou roubados que tiveram os sinais de identificação adulterados. A investigação aponta que a mulher também embolsaria a taxa que seria paga ao Detran-RS pela realização do serviço.
— Essa investigação é importante não só para reprimir, investigar e responsabilizar esse tipo de conduta, mas também para inibir esses crimes graves de corrupção ativa e passiva, associação criminosa e falsidade ideológica — afirma o delegado Rodrigo Caldas, da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas. A operação está mobilizando 50 policiais civis e 20 viaturas.
Investigação e fraude
A investigação que resultou nesta operação durou cerca de um ano. Tudo teve início em novembro do ano passado, quando uma ligação anônima para um CRVA do Detran, em Canoas, denunciou um possível esquema de fraude e corrupção envolvendo a emissão de documentos de veículos.
Conforme o telefonema, um funcionário deste CRVA estaria, de forma ilegal, usando o sistema do Detran para gerar documentos para diversos veículos. Esses procedimentos estariam sendo feitos às escondidas e sem repasse dos valores regulares ao Detran. A denúncia também foi enviada por e-mail ao CRVA.
Por meio de um Boletim de Ocorrência (BO), as informações foram repassadas pela equipe do CRVA à Polícia Civil, que deu início à investigação.
Por meio diversas técnicas, como quebra de sigilo bancário e análise do sistema do Detran, a polícia confirmou que pagamentos referentes a procedimentos feitos no CRVA que deveriam ser destinados ao Detran eram embolsados pela ex-funcionária. A polícia levantou que ela teria desviado aproximadamente R$ 180 mil por meio do esquema fraudulento.
— Ela cobrava de R$ 50 a R$ 60 por ato caso fosse entre pessoas vivas. Se fosse uma das partes falecidas, ela cobrava de R$ 100 a R$ 150 por procedimento — explica o delegado Caldas.
Segundo o delegado, a mulher burlava o sistema de emissão de documentos ao realizar procedimentos de forma incorreta, como com o escaneamento e upload de folhas em branco no lugar de carteiras de habilitação, por exemplo. Por esse motivo, a operação ganhou o nome de "carta branca".
Grupo suspeito
A mulher, de 28 anos, entrou no esquema após ser convidada pelos despachantes. Depois do telefonema e do registro do boletim de ocorrência, ela foi demitida da função no CRVA. Envolvidos no esquema tentaram aliciar outros funcionários do local para dar continuidade ao esquema. Contudo, as propostas foram negadas e informadas às autoridades.
A polícia não descarta que o grupo criminoso tenha atuação em outros CRVAs da Região Metropolitana e segue com investigações para a conclusão do inquérito policial.
De acordo com a polícia, o grupo é formado por pessoas com idades entre 25 e 40 anos, com exceção de um integrante, que tem 70. A ficha de antecedentes criminais dos envolvidos na quadrilha inclui os crimes de roubo de veículo, falsificação de documento particular, estupro de vulnerável, furto, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo, posse de drogas e receptação.

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