Dez mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos. São investigados crimes contra a fé pública, violação de sigilo funcional e associação criminosaUma investigação de homicídio levou a Polícia Civil a descobrir a atuação de uma rede criminosa que usava dados de pensionistas do IPE Prev para falsificar documentos e aplicar golpes, fazer compras e até contratar empréstimos em nomes das vítimas.Na manhã desta segunda-feira (11) a 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor) deflagrou a Operação Efêmero para desarticular o grupo e localizar documentos que reforcem as suspeitas. São cumpridos 10 mandados de busca e apreensão. Um suspeito acabou sendo preso em flagrante por falsificação de documento público, tentativa de uso de documento público e falsa identidade.Um dos locais é o setor de Gerência de Pensões do IPE Prev. As buscas no IPE Prev ocorrem porque o principal suspeito de vazar dados de pensionistas era funcionário temporário do instituto até junho do ano passado e atuava neste setor. Ele ingressou em 2020 como assistente de previdência. O nome do investigado não foi revelado pela polícia. Outras sete pessoas são suspeitas de integrar o esquema. São investigados crimes contra a fé pública, violação de sigilo funcional e associação criminosa.O trabalho começou depois de policiais de Viamão cumprirem buscas relacionadas a uma investigação de homicídio e encontrarem na casa de um dos alvos documentos em nome e diversas pessoas. Na ocasião, o suspeito disse que comprava o material no camelódromo, no centro da Capital, para aplicar golpes. O caso foi remetido à 1ª Decor, que passou a rastrear os documentos usados pelo suspeito, além de extrair informações do celular e do notebook apreendido.Com essa análise, foi verificado que o suspeito mantinha relação amorosa com um servidor do IPE Prev. Conversas entre os dois por meio de WhatsApp ajudaram a polícia a entender os golpes e a identificar outros envolvidos. Em um dos diálogos, o então servidor do IPE Prev enviou ao parceiro dados de uma funcionária ativa do instituto.A investigação mostra que o grupo usou dados de outras pessoas para falsificar Carteira Nacional de Habilitação, montar boletos bancários, carteiras de identidade e procurações falsas. Em uma das situações, o grupo tentou até mesmo vender imóveis e propriedade de uma vítima em Santa Catarina. O golpe só não se concretizou porque o tabelionato desconfiou da veracidade de documentos usados.Uma das ações executadas pelo grupo foi falsificar um boleto para que uma vítima fizesse pagamento. A pessoa reclamava de não ter contratado um empréstimo no valor de R$ 30 mil. Os golpistas então fizeram contato para negociar a devolução do valor que havia entrado na conta da vítima. O grupo recebeu os R$ 30 mil e dividiu o valor entre os parceiros.Ao longo da apuração, a polícia também localizou ocorrências feitas por vítimas relatando o uso de seus dados em compras e outros golpes.Conforme o delegado Max Otto Ritter, que conduz a investigação, a análise de documentos apreendidos na operação ajudará a detectar se mais segurados tiveram dados pessoais usados e também a identificar outros envolvidos.