O verão começa com um recorde preocupante no Rio Grande do Sul, que registrou, até esta quarta-feira, 66.677 casos confirmados de dengue, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Destes, 66 pessoas perderam a vida em decorrência da doença. Ao todo, foram mais de 98 mil notificações, uma incidência de 606 casos a cada 100 mil habitantes. Quase todos os municípios gaúchos já foram infectados, 453 do total de 497 cidades (91%).
Segundo a SES, Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, é o município com mais infestação, liderando o número de mortes (9), notificações (8.070) e casos confirmados (7.026). Igrejinha vem em seguida, com seis vidas perdidas, 7.047 casos notificados e 6.558 contaminações confirmadas. Porto Alegre registrou quatro óbitos por dengue entre os 4,5 mil casos confirmados. Ao todo, foram um pouco mais de 7 mil notificações em 2022 até agora.
Para se ter uma idéia de comparação, em 2021, foram 16 mil notificações, 10 mil casos confirmados e 10 óbitos no RS. No último ano antes da pandemia, 2019, não houve mortes por dengue, em um pouco mais de 1,3 mil casos de contaminação confirmada. Naquele ano, 4 mil situações foram notificadas, uma incidência de 14,7 casos a cada 100 mil habitantes gaúchos.
O Brasil deve bater o recorde anual de mortes por dengue em 2022. Até o boletim mais recente do Ministério da Saúde, deste mês, foram 978 óbitos — número superior à soma dos dois anos anteriores. Desde que as epidemias do vírus ressurgiram no Brasil, na década de 1980, o recorde é de 2015, quando 986 pessoas morreram pela doença. “Temos hoje o ano que ficará marcado na história da dengue no Brasil como o pior ano, seja no número de casos ou de óbitos. Muito provavelmente ultrapassaremos a marca de mil mortes no país. Dengue mata: é a principal mensagem que se deve passar à população”, afirmou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime.
Os cuidados contra a dengue continuam os mesmos: evitar o acúmulo de água parada e lixo em quaisquer recipientes, dentro ou fora de casa, onde possa haver um criadouro do mosquito. Como a grande maioria dos criadouros está em domicílios, a participação da população é essencial para barrar o avanço da doença. Ao tomar ciência de pontos de foco em terrenos vizinhos, a população deve acionar a prefeitura de sua cidade ou qualquer órgão respectivo ao poder público local.