Um dia após o governo estadual emitir alerta, pela segunda semana consecutiva, para as 21 regiões Covid do Sistema 3As de Monitoramento, o Rio Grande do Sul registrou hoje mais 57 mortes por conta da doença, totalizando 37 mil óbitos desde o início da pandemia. O avanço do coronavírus no começo de fevereiro consolida o cenário observado na segunda quinzena, que apresentou aumento exponencial do contágio em todas as regiões. O gerente de Risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Ricardo Kuchenbecker, projeta que o crescimento de infecções no Estado ainda deva se estender pelas próximas três semanas.
O epidemiologista avalia que ‘ninguém esperava enfrentar uma pandemia por tanto tempo’, sobretudo em um contexto de mudanças de comportamento determinadas pelas diferentes variantes da Covid-19. Frente à característica da ômicron, de capacidade infectante superior às anteriores, Kuchenbecker enfatiza que o crescimento exponencial do contágio em todo mundo é notado desde dezembro.
O especialista lembra que 80 milhões de pessoas foram infectadas pela doença na última semana em todo mundo. “Isso é um risco enorme para o surgimento de novas variantes”, completa. A subvariante da ômicron BA.2, detectada na Dinamarca e na Índia, também deixa os especialistas em estado de alerta.
Ele avalia, ainda assim, que caso a população mantenha as medidas de precaução, como uso de máscaras e evitar aglomerações, nos próximos meses o cenário possa ser mais promissor. Ele cita ainda o comportamento da variante observado nos EUA e Europa, onde a ômicron apresentou crescimento progressivo durante seis semanas até atingir o “platô”.
Kuchenbecker salienta, ainda, que o percentual de vacinados com a dose de reforço entre adultos jovens e adolescentes ainda ‘é muito abaixo’ do ideal. “O que definitivamente detém formas graves da Covid-19, mesmo pela ômicron, são as três doses”, alerta. Para diminuir a circulação do vírus, Kuchenbecker reforça a importância da imunização, inclusive a infantil. “Primeiro porque, com a vacinação dos adultos, as crianças passaram a ser uma população vulnerável. E isso, em especial no contexto da ômicron, aumentou em muito as infecções em crianças”, destaca.
Além de frear a disseminação do vírus, ele garante que a vacinação dos pequenos também reduz as chances de surgimento de novas variantes. “Os leitos de UTIs e de internação para crianças nunca foram tão necessários como agora no contexto da ômicron comparativamente a outros momentos”, observa.