27/11/2024 às 10h22min - Atualizada em 27/11/2024 às 10h22min
Começa cessar-fogo entre Israel e Hezbollah no Líbano
Gaucha ZH
AFP / AFP Um cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo extremista libanês Hezbollah entrou em vigor nesta quarta-feira (27), no Líbano, após mais de um ano de confrontos que deixaram milhares de mortos. A trégua começou às 4h locais (ainda 23h de terça-feira, no fuso de Brasília).
Logo após o início do cessar-fogo, o exército israelense advertiu os moradores do sul do Líbano para não se aproximarem das posições da força militar. O porta-voz militar Avichay Adraee disse, na rede social X (antigo Twitter), que as forças israelenses estão dispostas no sul do Líbano e que os moradores "estão proibidos de ir para as aldeias" evacuadas por ordem do exército ou a bases militares israelenses na área.
O exército libanês pediu, nesta quarta-feira, à população local para "esperar antes de voltar para as aldeias e vilas na linha de frente penetradas pelo inimigo israelense".
Grandes extensões do Líbano sofreram o impacto dos bombardeios israelenses, cujas forças invadiram o território libanês para enfrentar os combatentes do Hezbollah. O conflito começou com os ataques transfronteiriços do Hezbollah em apoio ao seu aliado palestino, o Hamas, após os ataques de 7 de outubro de 2023 em território israelense.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu que a trégua permitirá às forças israelenses se concentrarem nas tensões com o Irã e na guerra com o Hamas na Faixa de Gaza.
Netanyahu conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e agradeceu pelo "envolvimento" dele para alcançar o acordo, segundo informou o escritório do primeiro-ministro israelense.
A trégua entre Israel e o Hezbollah supõe um "passo fundamental" para a estabilidade regional, reagiu o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati. Além da guerra no Líbano, Israel combate o Hamas na Faixa de Gaza desde o ataque do movimento palestino no sul do território israelense.
Tanto o Hamas como o Hezbollah são apoiados pelo Irã, que disparou mísseis e drones contra Israel desde o início do conflito em Gaza. A maioria dos projéteis foi interceptada por Israel ou seus aliados.
O Irã comemorou, nesta quarta-feira, o "fim da agressão" israelense contra o Líbano, disse seu porta-voz diplomático Esmail Baqai.
Por sua vez, um oficial do Hamas declarou à agência de notícias AFP que o grupo palestino também está "disposto" a uma trégua em Gaza que inclua um "acordo sério para troca de prisioneiros".
A duração do cessar-fogo, conforme Netanyahu, dependerá "do que acontecer no Líbano" e Israel manterá, "em pleno acordo com os Estados Unidos", uma "total liberdade de ação" no país.
— Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se rearmar, atacaremos — sublinhou.
Tensão antes da calma
A trégua ocorre após intensos bombardeios israelenses no centro de Beirute, onde morreram pelo menos 10 pessoas, segundo as autoridades libanesas.
Menos de uma hora antes da trégua entrar em vigor, o exército israelense bombardeou subúrbios do sul de Beirute, conforme imagens da AFPTV.
Enquanto isso, o Hezbollah — que não se pronunciou sobre a trégua — anunciou, na noite de terça-feira (26), que tinha lançado drones contra "alvos militares sensíveis" em Tel Aviv em resposta aos ataques em Beirute.
Israel iniciou uma campanha de bombardeio contra o Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e uma operação terrestre no sul do país uma semana depois. Com isso, Israel argumenta que procurou neutralizar o Hezbollah no sul do Líbano para garantir sua fronteira e permitir o retorno de 60 mil moradores deslocados.
A trégua "protegerá" Israel da "ameaça" do grupo xiita, afirmaram os presidentes dos Estados Unidos e da França, Biden e Emmanuel Macron, em um comunicado conjunto. Ambos os países "trabalharão junto a Israel e Líbano para garantir o cumprimento integral deste acordo", acrescentaram.
De acordo com o site de notícias americano Axios, o acordo negociado nos últimos dias prevê uma trégua de 60 dias. Durante esse tempo, o Hezbollah e o exército israelense se retirariam do sul do Líbano. Após o anúncio, o primeiro-ministro libanês Mikati indicou que seu governo se comprometia a "reforçar a presença do exército (libanês) no sul do país".
Supervisão internacional
O plano de cessar-fogo também inclui a criação de um comitê internacional para supervisionar a implementação da trégua. Os Estados Unidos teriam prometido apoiar ações militares israelenses em caso de atos hostis do Hezbollah, de acordo com informações do portal Axios.
A mediação é baseada na resolução 1701 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que pôs fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah, em 2006, e que estipula que apenas o exército libanês e as forças de paz podem ser implantadas na fronteira sul do Líbano. Mas o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, chamou o acordo de trégua de "erro histórico".
— Este acordo não cumpre o objetivo da guerra: permitir que os habitantes do norte voltem para casa com total segurança — reagiu.