Técnico, enfim, vai participar de seu primeiro Gre-Nal vestindo vermelho, assunto que teve de responder desde a apresentação.É possível ter uma novidade em uma tarefa que já foi executada 32 vezes. Roger Machado que o diga. Neste sábado, às 16h, ele estará em seu 33º Gre-Nal. O primeiro pelo Inter. É, antes de o clássico começar, a principal história do 443º encontro entre colorados e gremistas.No dia 18 de julho, quando foi apresentado, Roger respondeu sobre o Gre-Nal. À época, o Inter disputava a Copa Sul-Americana e ainda olhava para baixo na tabela do Brasileirão. E, ainda assim, o clássico foi tema. Depois daquela entrevista, em outros dois encontros com repórteres, foi questionado a respeito do jogo que, enfim, se aproxima. É praticamente inevitável falar com o técnico do Inter e não mencionar o reencontro com o Grêmio.Até porque todos os 32 Gre-Nais anteriores teve Roger saindo do vestiário oposto. Como jogador, treinador interino ou efetivado, ele só conheceu um lado da rivalidade. Agora, seu objetivo é fazer o vermelho celebrar. Terá um apoio massivo a seu lado: a torcida colorada esgotou os ingressos e o Beira-Rio receberá o maior público de 2024.Depois daquele começo oscilante, que teve a eliminação na Sul-Americana e algumas derrotas inesperadas no Brasileirão, Roger vem ganhando a confiança da torcida. Nas interatividades da arquibancada aos identificados com microfone, o treinador tem conseguido deixar para trás a pecha de "gremista". E tem feito isso sem frases de efeito, promessas, declarações de amor.
Postura sóbria ao falar sobre a rivalidade
Oportunidades para isso não faltaram. Em quatro entrevistas, repórteres abertamente colorados perguntaram ao treinador sobre sua relação com o Inter e de, supostamente, ter torcido pelo clube antes de ser profissional. Roger poderia muito bem ter jogado para a torcida, ampliado o tema, usado algum histórico familiar. Não. Sempre manteve uma postura sóbria, ainda que eventualmente descontraísse e se permitisse alguns sorrisos.É mais uma razão para tanto holofote sobre o técnico. Maior do que usual em clássicos. Roger sabe que é o protagonista prévio do Gre-Nal. E, na entrevista que concedeu nesta quarta-feira (16), falou sobre essa estreia no clássico:— Será especial para mim, primeira vez desse lado. Cada um tem uma emoção diferente. E esse é um inédito para mim. Estou vivendo cada dia de uma vez e desejando aproveitar muito. Vai marcar na minha vida. Com uma vitória, a gente sabe como é que funciona.Apesar de saber do peso do Gre-Nal, Roger tratou de reduzi-lo, dentro de suas possibilidades. Ele não quer depositar nos 90 minutos do clássico a qualidade de seu trabalho até aqui. O Inter vem de nove jogos de invencibilidade e quer manter a boa sequência independentemente do que o jogo de sábado apresentar:— O clássico é tratado externamente e internamente como divisor de alguns momentos. Mas não é assim. Os três pontos do clássico nos colocam em uma condição de escalar a tabela. O Gre-Nal não vai sacramentar o trabalho, mas é um campeonato à parte. Aqui na aldeia sabemos como é que funciona. Esse ambiente de viver o clássico durante 14 dias não é comum. Isso tudo faz do clássico um momento especial para todos, e também para mim.O técnico entende também que alguns rituais fazem parte das duas cores. Como não revelar o time que vai para o jogo. Rogel, Fernando e Borré, voltando de lesão, são as interrogações coloradas. E o treinador não antecipou nada:— Estamos buscando recuperá-los para que estejam aptos. Hoje não tenho condição de dizer se todos estarão. Se depender da motivação deles e do empenho de fisioterapia e departamento médico, terei todos, mas há questões físicas. Alguns deles estiveram em mais de uma atividade no campo. Há também o mistério do clássico.Entre mistérios de campo e esperança da torcida, possivelmente ninguém está com expectativa maior do que Roger. É para ele que a semana Gre-Nal demora mais a passar.