26/08/2024 às 10h52min - Atualizada em 26/08/2024 às 10h52min

PF vai investigar temporada de incêndios no país

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A Polícia Federal, por meio da Superintendência Regional de São Paulo, irá instaurar um inquérito para investigar a temporada de incêndios que atinge o Brasil. Neste domingo, parte do país foi atingida por focos de queimadas. Cidades do interior de São Paulo e até localidades do Centro-Oeste, como Goiás e Brasília, amanheceram tomadas por fumaça.
Presidente do Ibama aciona PF para investigar incêndios: 'Em SP, há desconfiança de que foi organizado'
Neste tarde, em entrevista coletiva, o diretor-geral da PF Andrei Rodrigues, informou que já há 31 inquéritos abertos na corporação para investigar o tema, na Amazônia, no Pantanal e em São Paulo. São 29 nos dois biomas e outros dois em São Paulo. Conforme Rodrigues, os dois inquéritos abertos em São Paulo irão apurar se houve uso de fogo criminoso nos incêndios que afetaram aeroportos no estado.
—É um movimento de fato atípico. São duas investigações em São Paulo que apuram incêndios criminosos que afetam áreas de interesse da União, os aeroportos — disse.
Já a ministra Marina Silva afirmou haver "uma verdadeira guerra contra o fogo e a criminalidade":
— Você começa a ter em uma semana, praticamente dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo.
Como O GLOBO mostrou, nesta manhã, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou que pediu à PF que iniciasse as investigações. Segundo ele, quase todas as queimadas, com poucas exceções, são criminosas, inclusive em São Paulo.
— Quase todo incêndio no Brasil é criminoso. Não temos incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão. Em São Paulo, há uma desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário — disse, momentos antes de ir à sede do Ibama, em Brasília, para acompanhar a situação de seu gabinete.
O presidente do Ibama lembrou ainda que a região Centro-Oeste não tem chuva há mais de 120 dias, o que gera focos de incêndio frequentes.
— De maneira geral, a situação climática não ajuda. A umidade está baixíssima. Embora o desmatamento tenha caído bastante, há um estoque de áreas desmatadas ao longo da última década e as pessoas ateiam fogo para mantê-las assim — afirmou.
Agostinho também ressaltou que o governo trabalha com um número recorde de brigadistas: são mais de 2 mil pessoas trabalhando em todo o país, das quais 1400 somente na Amazônia e 800 no Pantanal. Ele afirmou ainda que a crise é uma das maiores e impede a recuperação de rios amazônicos que foram atingidos pela seca do ano passado, como o Madeira e o Tapajós.
Prisões
Três homens foram presos acusados de causarem incêndios intencionais no país entre ontem e hoje: dois em São Paulo e um em Goiás. Os casos são investigados pelas polícias locais.
No território paulista, uma prisão ocorreu ontem no município de São José do Rio Preto, de um homem que ateava fogo em um terreno. Outra prisão foi efetuada nesta manhã de domingo, em Batatais. Neste último caso, o acusado tinha antecedentes criminais e portava gasolina no momento da prisão.
Já o caso de Goiás se trata de um homem preso em flagrante ateando fogo em pasto da propriedade rural na região de Piranhas, Goiás. Segundo a Polícia Militar, a situação era patrulhada há dias, com diversas ocorrências de incêndio criminoso em áreas de pastagem.
O suspeito teria cometido crimes também nas regiões goianas de Caiapônia e Bom Jardim, no Sudoeste do estado. "O prejuízo causado é incalculável, sendo relatado pelos fazendeiros da região que vários animais foram queimados vivos pelo fogo", afirmou a PMGO.

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