O primeiro mês de Roger Machado no Inter teve mais decepções do que alegrias. Da chegada, às vésperas da partida de volta contra o Rosario Central, à derrota para o lanterna Atlético-GO, o time conseguiu apenas uma vitória. Na comparação com os antecessores, a campanha deixa a desejar.Desde 2019, o Inter sempre troca de técnico ao longo da temporada. Naquele ano, Zé Ricardo substituiu Odair. Em 2020 — com a temporada estendida por causa da pandemia —, Abel Braga entrou no lugar de Coudet. Em 2021, Diego Aguirre foi para a vaga de Miguel Ángel Ramírez. No ano seguinte, Mano Menezes assumiu o posto de Cacique Medina, e, em 2023, saiu para o retorno de Coudet. Desde 18 de julho, Roger assumiu o time.Abel e Mano Menezes deram resultado imediato. O primeiro até foi eliminado por Boca Juniors e América-MG nas competições mata-mata, mas engrenou a maior série de vitórias da história colorada e esteve muito perto de ser campeão brasileiro. Mano teve o melhor aproveitamento no primeiro mês entre todos eles, ficando invicto nas nove partidas que comandou neste recorte de tempo.Roger divide o pior aproveitamento entre todos com Coudet de 2023, ambos com 33%. A diferença de contexto é que o argentino, nesse período, eliminou o River Plate e abriu vantagem ganhando do Bolívar em La Paz, pela Libertadores.Internamente, o clube entende que a situação de Coudet era insustentável. E que os problemas da preparação física estavam evidentes. A chegada de Roger mudou os padrões, com a inclusão de mais exercícios em academia. Em campo, o desenho da equipe também sofreu alterações, saindo de uma dupla de ataque para um trio ofensivo, com um centroavante e dois pontas (ou um meia aberto). Em nomes, o novo técnico teve como maior novidade a presença de Gabriel Carvalho, de 17 anos completados no sábado, entre os titulares.Time não teve atuações convincentes.O desempenho muda pouco. Lelê Bortholacci, um dos torcedores colorados do Grupo RBS, resumiu:— Roger está tendo os mesmos problemas que tinha Coudet.Ele se refere aos erros individuais que resultam em gols do adversário, como o de Thiago Maia no domingo, e ao desperdício de oportunidades. O time até cria, mas demonstra dificuldades em transformar essas chances em gol.
Para o narrador Marcelo de Bona, o time involuiu:
— O Inter que antes jogava mal, parece agora jogar menos. Ficou um time menos organizado e com muitas ligações diretas. Até transpirou para vencer o Juventude, mas de forma pouco ordenada. A cada jogo, fico mais certo de que o único campeonato possível é não ser rebaixado.Narrador do SporTV na derrota para o Atlético-GO, Rodrigo Franco também analisou o momento colorado:— A impressão que ficou é a de um time que sofre por falta de confiança, de não conseguir atender a expectativa criada em torno desse elenco que tem grandes nomes especialmente do meio para frente. Roger Machado tem de trabalhar a defesa, que foi vazada em todos os sete jogos sob seu comando. Não é culpa dele, mas o Inter, a esta altura da temporada, não tem laterais-direitos disponíveis. Segundo ele, a transição de gestão nos bastidores do clube também é um problema. — O Inter tem grandes atacantes e todos estão em má fase. Ainda tem margem para reação, mas o desempenho não indica isso. Roger terá mais uma semana para trabalhar antes do próximo jogo, algo que seus antecessores não tiveram, na comparação do mesmo período de trabalho. As urgências estão expostas. E ganhar é basicamente uma obrigação.