Aos 38 anos, em sua primeira chance em um clube de elite, Fabrício pode bater no peito e dizer que é o goleiro da defesa menos vazada do Brasileirão, em números absolutos. Em quatro partidas na meta colorada na competição, sofreu dois gols. Dono da posição, Rochet disputou cinco partidas e buscou a bola na rede em três oportunidades. Somando tudo, o Inter levou cinco gols em nove jogos. Apesar da verve ofensiva de Eduardo Coudet, é seu sistema defensivo que sustenta a quarta melhor campanha, em aproveitamento, do campeonato que é o maior objetivo da temporada do clube.A sustentação do sólido desempenho defensivo começa pela abundância de opções disponíveis. Ao contrário do ataque, onde os desfalques se proliferam, na defesa o treinador colorado realiza um rodízio de nomes. De uma partida para outra no Brasileirão, a primeira linha do time nunca foi repetida. Nem mesmo o miolo de zaga é duplicado de um confronto para o seguinte.Ao todo, foram escaladas quatro duplas de zaga diferentes. Vitão e Fernandão, titulares na vitória sobre o Grêmio no sábado (22), atuaram juntos três vezes e sofreram apenas um gol. Em quatro jogos, Vitão se posicionou ao lado de Mercado, em jogos em que o time sofreu três gols. Coudet também montou sua defesa com Vitão e Robert Renan e com Igor Gomes e Fernando.Estendendo a análise para toda a linha de defesa, Bustos, Vitão, Fernando e Renê formaram o sistema ofensivo mais utilizado, colocados em campo em três jogos, inclusive no Gre-Nal.Analista tático, Gabriel Corrêa ressalta que o Inter deixou de ser o time de uma nota só, mudando de postura após a retomada dos jogos da equipe.
— Acredito que o Inter ter a melhor defesa do Brasileirão diz muito sobre a equipe estar bem aplicada na marcação, seja em bloco alto, como antes da parada, e, neste momento, após o retorno, em bloco médio-baixo. Além disso, como geralmente tem buscado ter a posse enquanto busca o resultado, tenta afastar o adversário da sua área. Por outro lado, com o resultado, fecha muito bem os espaços com defensores de características de duelo aéreo, proteção à área e contra-ataque perigoso.
Compactação
A alternância de postura não muda a intensidade característica dos times de Coudet. Os adversários colorados sequer trocam, em média, três passes seguidos. O índice é de 2,8 passes trocados a cada posse. A média colorada neste índice é de 5,1, de acordo com a plataforma Wyscout.
— O Inter tem a melhor defesa por conta de uma bem-sucedida composição de zaga central com eficiente proteção do volante logo à frente. Mas a defesa começa na entrega dos homens de frente para dificultar a saída de bola do adversário. Mesmo quando não brilha, o Inter é um time compacto com setores próximos. O efeito é uma defesa segura — avalia Maurício Saraiva, comentarista do Gre-Nal na RBS TV.A compactação se mostra na distância dos passes trocados pelos jogadores do Inter. Apenas 8,7% deles são longos. Como consequência, o oponente fica mais esticado em campo. Os adversários que enfrentam o time de Coudet usam o recurso da bola longa em 15,3% dos passes que tentam.
O escudo à frente da área se mostra eficiente. A distância média das finalizações contra os colorados é de 19,5 metros — a grande área tem 16,5m de comprimento. São permitidos 7,9 arremates no gol colorado a cada 90 minutos no Brasileirão, sempre com dados do Wyscout.
— Quando o Coudet fala sobre competir, é isso. Não vai ter o jogo mais vistoso, mas vai ter um time que compete dentro de campo — opina Corrêa.
A rotina de trocar os nomes e manter a eficiência será testada nesta quarta-feira (26), contra o Atlético-MG. Bustos e Fernando cumprirão suspensão.
As duplas de zaga no Brasileirão
Vitão e Fernando: três jogos, um gol sofrido
Vitão e Mercado: quatro jogos, três gols sofridos
Vitão e Robert Renan: um jogo, um gol sofrido
Igor Gomes e Fernando: um jogo, nenhum gol sofrido