No final da madrugada desta sexta-feira, um novo acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou a ser instalado em Tupanciretã. O grupo foi para uma área de mata, cedida por uma família. “O dono do local já passou por acampamento e sabe da importância da luta”, observa o dirigente regional do MST, Alencar Cavalheiro.Em torno de 250 famílias iniciaram o acampamento pela manhã e a previsão era que outras 50 chegassem durante o dia. A iniciativa faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que tem como tema “Ocupar para o Brasil Alimentar”. “Localizamos as famílias em um único acampamento em Tupanciretã, na região central, para que não ficassem em vários pequenos. Essa é uma região histórica de lutas pela terra, onde temos uma quantidade significativa de famílias que querem lutar por um pedaço de chão para plantar e viver com dignidade”, comenta Cavaleiro. Segundo ele, o novo acampamento busca pautar a retomada da luta pela terra no Rio Grande do Sul, avançar no assentamento de todas as famílias acampadas e no acesso de crédito para as famílias assentadas.Na região central, que abrange as cidades de Tupanciretã, Joia, Júlio de Castilhos, Pinhal Grande, Salto do Jacuí, Cruz Alta, Quevedos e Boa vista do Incra, já há 42 assentamentos, contando com 1826 famílias assentadas. Em todo o Estado são mais de 14 mil famílias assentadas.Ele conta que está sendo realizado um laudo operacional da região sul do Estado. “Vamos visitar assentamentos em cidades da região como Candiota, Hulha Negra e Aceguá, por exemplo para ver as condições de moradia que as famílias estão”, projeta. Castilhos observa que os assentamentos tem produção e muitas vezes as pessoas não sabem. “Convidamos a população a ir aos assentamentos e ver uma realidade diferente. São pessoas normais, não são bandidos. Elas produzem seu alimento e só querem um espaço para trabalhar e ser respeitadas”, comenta.O dirigente destaca que a produção de alimento em um assentamento serve tanto para quem vive nele como para moradores da zona urbana. “Hoje temos no agro produção de comódites que não são alimentação para as pessoas. A alimentação do povo é feijão, batata, mandioca, é da reforma agrária que vem da agricultura familiar. Muitas pessoas não entendem o processo e acham que a agricultura é única. O agronegócio é importante, mas a agricultura familiar também”, opina.