Embora venham sendo divulgadas estimativas diferentes sobre os estragos da estiagem na agropecuária gaúcha, o cenário que se coloca diante do setor é grave, avalia o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz. Para o especialista, a crise hídrica ganha contornos ainda mais preocupantes quando se considera que atinge produtores já fragilizados pela seca que assolou a safra de verão 2021/2022.
Na quinta-feira (16), a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS) divulgou que as perdas decorrentes da estiagem nas lavouras de soja e milho até o momento correspondem a R$ 28,38 bilhões. O levantamento, feito na área de abrangência de 21 cooperativas filiadas à entidade, projeta quebras de 43% e 56%, respectivamente, na colheita das duas culturas.
O governo do Estado, por sua vez, estima um prejuízo total de R$ 13 bilhões, com base em dados da Emater, que já contabiliza queda de 20,8% na produção de soja e de 30,6% na de milho. “Qualquer cenário é ruim. Nenhum produtor consegue enfrentar duas estiagens consecutivas sem que o seu negócio sofra um impacto significativo, mesmo que esta, para ele, não seja tão ruim como foi a anterior”, observa Da Luz.
Ao contrário do que se verificou no ciclo passado, quando a seca afetou as lavouras gaúchas de forma generalizada, a distribuição das chuvas tem sido desigual pelo Estado. “Ainda não temos a dimensão total das perdas, em razão da característica desta estiagem”, explica Da Luz. Ele observa que as regiões mais impactadas são a Fronteira Oeste, as Missões e alguns municípios do centro do Estado. “(Nas demais), alguns produtores vão colher 70 sacos (de grãos) num talhão e 20 em outro”, exemplifica.