Pelo terceiro mês consecutivo, o custo de produção de leite no Rio Grande do Sul registrou queda, conforme o Índice de Insumos para Produção de Leite Cru do Rio Grande do Sul (IILC), calculado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Em agosto, o número ficou em -0,31%, ante -3% em julho e -2,6% em junho. Foi também a quarta retração do ano, já que, antes de ficar em 0,5% em maio, caiu 5,9% em abril. A trajetória de queda deve-se, principalmente, ao recuo de 21% no custo dos fertilizantes, acentuado desde maio.
Contudo, no acumulado do ano, o ILC acumula 0,72% e, nos últimos 12 meses, 5,15%. “O custo produção continua demasiadamente elevado e, os produtores ainda estão com suas margens pressionadas”, conclui o boletim. Para o presidente do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite), Eugênio Zanetti, as baixas ainda não são suficientes para compensar o valor de referência do leite ao produtor. O dado, calculado pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e consolidado pelo Conseleite, em agosto, ficou em R$ 2,5920/litro, patamar 21,57% menor ao de julho (R$ 3,3049)
“A partir de agora, o produtor começa a operar no prejuízo”, enfatiza. Para Zanetti, outra preocupação do setor, além das importações de leite do Mercosul, é o aumento da captação em Minas Gerais, maior produtor nacional de leite, que está entrando no período de safra.
A safra mineira foi determinante à retração de 0,9% apontada pelo ICPLeite/Embrapa, divulgado na última sexta-feira. O percentual correspondente ao Índice de Custo de Produção de Leite, calculado pela Embrapa Gado de Leite. Conforme a instituição, o principal motivo da redução foi a diminuição de 5,4% no preço dos alimentos volumosos, adubos e óleo diesel, especialmente em Minas Gerais.
“É uma queda importante num momento em que os preços estão oscilantes e o produtor está preocupado”, afirma o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Paulo Martins. Segundo ele, os preços ao produtor estão com uma variação grande ao longo do ano. A situação é determinada, principalmente, pela guerra entre Ucrânia e Rússia, que impactam diretamente nos preços da energia, do milho e da soja. “Essa oscilação grande torna muito difícil que o produtor preveja a sua margem de lucro”.
Fonte: Correio do Povo