​Granja Multiplicadora de Genética Suína é inaugurada em Esperança do Sul

ESPERANÇA DO SUL - Um projeto, cujas primeiras tratativas se deram em meados de 2017, hoje é uma realidade e, por seu porte, tanto em potencial produtivo quanto em espaço físico e estrutura, figura entre os maiores investimentos em suinocultura na Região Celeiro.
Ambicioso e complexo, o projeto da Granja Esperança teve, no decorrer dos anos, muitos ajustes, tantos em aspectos ambientais, quanto financeiros. Construído durante a pandemia, período em que os materiais de construção sofreram consideráveis reajustes, foi necessária uma determinação extra de toda a força-tarefa para que o projeto saísse do papel e começasse a ganhar forma.
Depois de quase dois anos de trabalho, envolvendo empresas do ramo da construção civil, equipamentos de suinocultura, entidades financeiras e apoio da municipalidade que, com maquinários da Secretaria de Agricultura e Obras, atuou intensamente nos serviços de terraplenagem no local, a granja multiplicadora de genética suína hoje é uma realidade e passa ser uma referência regional.
 
AS PRIMEIRAS TRATATIVAS
Em março de 2017 o Grupo Bonafé estava à procura de um local ideal para a instalação de uma Granja Multiplicadora de Genética Suína na região. Após um processo de pesquisa para encontrar uma área que atendesse aos requisitos necessários para contemplar um projeto desta envergadura, através da indicação do secretário de Agricultura de Esperança do Sul, Augusto Kunrath, chegou-se à localidade de Lara e, devido às características do terreno que, por sua elevação possibilita melhores níveis de comunicação e, pela proximidade ao Parque Estadual do Turvo, permite a biodegradação e dispõe de espaço específico de biossegurança para a produção de suínos, a área foi escolhida. Seis dos 15 hectares destinados à granja, foram cedidos pela Administração Municipal que, em conjunto com a Câmara de Vereadores, entendeu necessário este investimento prevendo um bom retorno ao Município, não só em arrecadação, mas também na geração de empregos diretos e indiretos.
 
INÍCIO DAS OBRAS
Após inúmeros trâmites burocráticos e com as devidas licenças ambientais emitidas pela Fepam/RS, iniciaram-se as obras. Os serviços de máquinas executados, em sua grande parte pela Prefeitura, foram iniciados em 2020. Foram necessárias milhares de horas/máquina para nivelar o terreno, proceder nas aberturas de valas, estradas secundárias, escavações, rompimento de rochas e outros. O empenho da municipalidade também se deu nas vias de acesso à granja. Os cerca de 10 quilômetros que levam até o local receberam alargamento das estradas e reformas nos bueiros, uma vez que, estando em funcionamento, o fluxo de caminhões naquela localidade passará a ser constante. Também foram perfurados dois poços artesianos, um na própria localidade e outro em Linha Gorete, a fim de suprir a demanda diária de 220 mil litros de água da granja. Parte desse volume será obtido através da captação da água da chuva. A rede de energia elétrica trifásica também recebeu melhoramentos, desde o perímetro urbano até a localidade.
Inúmeras empresas da construção civil, principalmente aquelas que atuam diretamente na construção de pavilhões suinícolas, atuaram incansavelmente durante dois anos para edificar os oito pavilhões que alojarão os animais. A sede administrativa, cinco moradias, além de outras obras menores foram executadas durante esse período. Restam apenas alguns acabamentos para considerar a obra 100% concluída.
 
PRODUÇÃO/ESTRUTURA FÍSICA
Inicialmente projetada para 2.200 matrizes, a capacidade foi ampliada para 3.375 matrizes produtivas. Serão 162 partos semanais que vão gerar em torno de 2.000 leitões/semana. Os machos, após 25 a 28 dias, vão para outros crechários e posteriormente passam por todas as etapas do sistema de criação até o abate. As fêmeas, após mesmo período, serão alojadas em uma creche especifica que vai receber somente as leitoas nascidas na multiplicadora. Após isso, vão para a recria onde passam por uma seleção e então são repassadas para granjas UPD - Unidade de Produção de Leitões Desmamados.
A estrutura de todo o complexo conta com cinco casas (114m² cada) nas quais estão residindo famílias de funcionários da granja. Os oito pavilhões suinícolas estão em uma área totalmente cercada, cujo acesso só é permitido para pessoas e veículos autorizados.
As edificações contemplam na parte frontal (1º banho) o escritório, transbordo e o arco de desinfecção. O transbordo é a rampa de carga e descarga de matrizes e leitões. A granja contará com um caminhão interno para transporte dos animais. Nenhum outro veículo vai adentrar a granja, com exceção dos caminhões de ração. Em pleno funcionamento, os animais consumirão diariamente em torno de 18 toneladas de ração. O complexo conta também com uma construção (2º banho) que contempla refeitório, sala de medicamentos e conservação de sêmen, lavanderia e almoxarifado. Os pavilhões suinícolas contemplam uma creche/recria, destinada à auto-reposição das matrizes cuja a taxa de descarte anual é de 70% a 75%. Em um segundo pavilhão acontece o processo de adaptação e cobertura. Outros quatro pavilhões são destinados para a gestação coletiva e os últimos dois são maternidade. Para garantir energia em todo o complexo, há instalado na granja um gerador de 315kwa. Caso haja interrupção no fornecimento de energia, o equipamento passa a ser acionado, suprindo toda a demanda da granja.
Todos os pavilhões contam com sistema de raçoamento e climatização automatizados. Além da equipe de trabalho, a granja contará com o suporte da JBS e Agroceres Pic (genética de suínos). O investimento total da obra alcança o montante de R$ 20 milhões.
 
ATO INAUGURAL
Os proprietários Roni Thiesen e João Bonafé, juntamente com a administração de Esperança do Sul, escolheram o dia 26 de fevereiro para realizar o ato inaugural da granja. No sábado pela manhã, autoridades políticas locais e regionais, funcionários do Grupo Bonafé e de demais empresas e entidades que tiveram atuação direta para a realização da obra celebraram a inauguração do complexo suinícola que deve receber as primeiras matrizes já nos próximos dias.
Inicialmente o sócio-proprietário Roni Thiesen fez uso da palavra para relatar o passo a passo da obra e as enormes dificuldades encontradas ao longo dela. Citou todas as empresas envolvidas no projeto e externou o agradecimento à Administração de Esperança do Sul e a cada um dos operários que desempenharam suas funções no local. Destacou ainda a expansão da suinocultura regional através do sistema de integração com a JBS/Seara. “Este sonho só foi possível graças ao empenho e dedicação de pessoas, empresas e entidades que abraçaram a ideia e, mesmo durante a crise instituída pela pandemia, permaneceram focados no projeto que hoje é uma realidade”, destaca o empreendedor.
O secretário de Agricultura de Esperança do Sul, Augusto Kunrath, enalteceu a iniciativa do Grupo Bonafé e discorreu sobre todo empenho que o município fez para trazer a obra para Esperança do Sul. “Acreditamos, fizemos o possível, somamos esforços e hoje podemos comemorar a conclusão deste empreendimento”.
João Bonafé, sócio-proprietário, direcionou seu pronunciamento aos agradecimentos. De forma geral, contemplando todos os envolvidos no projeto, João externou sua gratidão, orgulho e satisfação em ver a obra realizada e a possibilidade de, com ela, poder gerar empregos e contribuir com Esperança do Sul, retribuindo toda a confiança depositada no projeto por parte da administração.
Adelson Hedlund, presidente da Câmara de Vereadores, também destacou o esforço conjunto do legislativo para aprovar projetos voltados a essa obra. “Indiferente de partidarismo, nos unimos para incentivar e trazer a granja para nosso município. É um empreendimento necessário e representa desenvolvimento”, destacou o edil.
O chefe do executivo esperançulense, prefeito Moisés Ledur, salientou o orgulho em ver a granja concluída. Ressaltou todo empenho que sua administração destinou ao projeto, agradeceu à confiança do Grupo Bonafé e destacou o crescimento econômico que o empreendimento trará ao município e à região, através do retorno de ICMS, beneficiando diretamente a população com o fortalecimento de emprego e renda.
O ato culminou com a bênção das instalações e momento festivo.