09/07/2020 às 11h01min - Atualizada em 09/07/2020 às 11h01min
Feminicídios aumentam 24% no primeiro semestre deste ano no RS
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Para 51 vítimas de assassinato no Rio Grande do Sul no primeiro semestre deste ano, a sentença foi o fato de ter nascido mulher.
o contrário da maioria dos indicadores, onde o Estado conseguiu reduzir a criminalidade, os feminicídios — que são as mortes de mulheres em contexto de gênero — ainda representam desafio. Houve acréscimo de 24,4% — no mesmo período de 2019 foram 41. Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (9) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do RS.
Desde o início do ano, os feminicídios já vinham apresentando elevação no Estado. Somente no período de janeiro a maio, o RS tinha superado o total de casos registrados no primeiro semestre do ano passado. Março teve o maior número de casos, com 12 feminicídios (confira abaixo mês a mês). Com o período de distanciamento social, como forma de tentar combater a pandemia do coronavírus, essa preocupação ficou ainda mais acentuada. Isso porque as mulheres podem ter mais dificuldade para procurar ajuda e denunciar seus agressores.
Campanhas foram lançadas nos últimos meses como forma de tentar garantir que as vítimas tenham mais possibilidade de pedir ajuda, inclusive em estabelecimentos, como farmácias, entre elas a Máscara Roxa e Sinal Vermelho. A Polícia Civil do Estado disponibilizou um número de WhatsApp para receber informações de casos de violência contra a mulher: (51) 98444-0606. Os registros também podem ser feitos por meio da Delegacia Online. A SSP mantém ativa a campanha Rompa o Silêncio, divulgando nas redes sociais e em intervalos da TVE os números para denúncia de casos de violência contra a mulher.
Em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, o vice-governador e secretário da segurança Ranolfo Vieira Júnior analisou o número de casos mês a mês. Afirmou que, apesar da preocupação que há com o distanciamento, o aumento se concentrou nos primeiros meses do ano.
— Tivemos um janeiro muito violento, fevereiro também, em março se manteve o mesmo número, abril tivemos aumento novamente. Em maio e junho, dois meses seguidos dentro da pandemia, houve redução dos feminicídios. Então não se pode afirmar que o distanciamento social, que as pessoas estarem em casa, tenha contribuído para esse aumento. O aumento significativo se deu no momento em que não se vivenciava a pandemia. Estamos buscando essa explicação constantemente — afirmou.
Homicídios e roubos caem
Além dos feminicídios, foram divulgados outros indicadores na manhã desta quinta-feira. Um dos destaques foram os homicídios, que tiveram redução de 8,7%% – foram 901 pessoas assassinadas no primeiro semestre no RS contra 987 no mesmo período do ano passado. O total de vítimas em junho passou de 160 no ano passado para 125 neste ano, o menor para o mês desde 2009, quando foram 123 mortes.
Entre esses 125 óbitos em junho no RS, 16 foram de presos que tiveram liberdade concedida em atendimento à recomendação do Conselho Nacional de Justiça — 12,8% do total. Este é um dos fatores que o governo do Estado cita como um dos motivos que impactam nos homicídios. Na Capital, também houve redução dos homicídios no semestre — de 175 para 149 — uma queda de 14,9%.
Os latrocínios, que são os assaltos nos quais há morte da vítima, também tiveram redução de 12,8% — de 39 casos para 34 vítimas em 2020. É o menor acumulado desde 2009, quando houve 29 latrocínios nos seis primeiros meses. O secretário destacou alguns fatores que levaram a essa queda, como o programa RS Seguro, a integração entre as forças policiais e o uso da inteligência. Apontou ainda o fato de que, no mês de junho, Canoas, Pelotas e Gravataí, não tiveram nenhum registro de homicídio.
— Tivemos um pico da criminalidade no ano de 2017. Em 2018, começa uma redução e essa redução se acentua a partir de 2019 e mais ainda nesse primeiro semestre de 2020 — afirmou Ranolfo.
Outro destaque positivo nos indicadores fica por conta da redução dos chamados crimes patrimoniais, como roubos, furtos em geral e também de veículos. Todos esses indicadores tiveram queda no primeiro semestre. Os roubos de veículos tiveram redução de 19,8% em relação aos primeiros seis meses de 2019, passando de 6.045 ocorrências para 4.850 – 1,1 mil casos a menos. Da mesma forma, os ataques a bancos, que também já vinham reduzindo significativamente nos últimos meses, caíram pela metade. Somados furtos e roubos, os casos reduziram de 59 para 29 (- 50,8%).
Em relação aos crimes patrimoniais, Ranolfo destacou as ações policiais, com identificação de autores e desarticulação de grupos criminosos, além do trabalho que vem sendo realizado nos anos anteriores, mas considerou que o distanciamento também tem impacto nos indicadores.
— Não tenho dúvida de que o distanciamento social acaba influenciando um pouco. Se tem menos veículo circulando, teremos menos roubo, se tem menos pedestre, tem menos roubo de pedestre. Mas é isso vem desde 2018, de forma crescente. Não é algo extraordinário na pandemia — disse.
Onde pedir ajuda
- Disque Denúncia 181
- WhatsApp (51) 98444.0606
- Denúncia Digital 181, no site da SSP (clique aqui)
- Emergências pelo 190 (Brigada Militar)
- Disque 180