11/03/2019 às 18h06min - Atualizada em 11/03/2019 às 18h06min

CASO BERNARDO: depoimento da delegada durou quatro horas

Caroline Machado Bamberg na época do crime era titular da delegacia de Três Passos e esteve em todas as diligências do caso

*Com informações GaúchaZH/TJRS e Rádio Difusora
TJRS
Nesta segunda-feira, às 12h30min, começou, em Três Passos, o julgamento dos quatros acusados de matar o menino Bernardo Boldrini, há quase cinco anos.
Os quatros réus, o pai, Leandro Bodrini, a madrasta, Graciele Ugulini, a amiga da madrasta, Edelvânia e o irmão, Evandro Wirganovicz presos pelo crime, respondem por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideologia, esse último somente Leandro Boldrini.
O primeiro depoimento do julgamento foi de Caroline Machado Bamberg, Delegada de Polícia que na época do crime, era titular da delegacia de Três Passos e esteve em todas as diligências do caso.
A depoente resumiu para a Juíza de Direito Sucilene Engler as conclusões da investigação, bem como sua opinião geral do caso.
- Bernardo sofria com abandono e desafeto do pai. "Vários depoimentos nesse sentido" – diz Caroline.
Ainda, afirma que a demora no registro do desaparecimento fez parte da estratégia dos réus para montar álibi. O médico teria procurado o filho dois dias depois.
- Bernardo "era torturado psicologicamente", diz delegada.
Em outro momento, Caroline diz que as duas rés, Graciele e Edelvânia, foram reconhecidas comprando ferramentas, soda cáustica e midazolan.  Também destacou que várias ampolas de midazolan estariam faltando na clínica onde Leandro Boldrini trabalhava.
A Delegada confirma ainda que Graciele pagou seis mil reais como recompensa pela ajuda na consecução do crime. Outros 90 mil teriam sido prometidos.
Após duas horas de depoimento, os promotores encerram os questionamentos e em seguida, a defesa de Leandro iniciou as perguntas à delegada.
O advogado, Vanderlei Pompeo de Mattos, defesa de Graciele, questionou a delegada se teve alguma confissão da autoria do fato assistida por algum advogado, a delegada Caroline diz Não ao questionamento.
O advogado da ré Graciele, também questionou as informações para a imprensa do caso. Vanderlei Pompeo de Mattos salientou o sigilo na investigação, evitando o vazamento das informações. A depoente ressaltou que precisava responder pelo clamor, devido a repercussão do crime.
Defensor cita depoimento de conhecido da família dizendo que Bernardo nunca se queixou do pai e da madrasta. Delegada diz que essa mesma pessoa pretendia adotar o menino.
O Advogado destaca o depoimento de conselheiro tutelar que não teria encontrado nada digno de nota junto à família de Bernardo. Delegada diz que o menino era proibido de expor o que acontecia em casa.
Vanderlei Pompeo de Mattos encerrou as perguntas passando a palavra para os advogados de defesa da ré Edelvânia Wirganovicz.
Durante o julgamento, a defesa da ré Graciele, abriu mão de ouvir o depoimento das quatro testemunhas que havia arrolado. Uma sendo uma convocada tanto pela acusação como pela defesa de Leandro Boldrini. Assim, cai para 14 o total de testemunhas no Caso Bernardo.
Os advogados Gustavo Nagelstein e Jean de Menezes Severo, defendem a amiga da madrasta de Bernardo, Edelvânia Wirganovicz. A Defesa pergunta sobre os depoimentos da ré sem a presença de um advogado, no início das investigações.  Ainda questiona sobre os grampos, advogado pergunta se em conversas Edelvânia cita o irmão. A Delegada diz que não.
A Delegada considera a confissão de Edelvânia uma prova que, associada a outras, ajudaram na sua convicção.
Outro ponto do depoimento foi onde Advogados de Edelvânia e Delegada discordam sobre uso da pá pela ré. Defensores sustentam que perícia afastou uso; delegada lembrou que a ré disse ter limpado a ferramenta.
Dando sequência, o delegado de Evandro Wirganovicz, assume os questionamentos. O Defensor de Evandro, irmão de Edelvânia, quesitona sobre elementos de participação do réu no crime
A Delegada confirma que não há registros telefônicos de que os irmãos tenham se falado dois dias antes do crime.
Ainda o Advogado perguntou se houve elemento demonstrando que Evandro sabia que Bernardo seria morto, a delegada negou.
Após quatro horas, foi encerrado o depoimento.
 
Bernardo sofria descaso em grau máximo", diz delegada em depoimento
Caroline contou das primeiras suspeitas, de que a polícia trabalhava com três hipóteses: sequestro, que Bernardo tivesse fugido por vontade própria ou homicídio. Revelou que a partir de depoimentos, especialmente de funcionários da escola de Bernardo, percebeu que o menino poderia ter sido vítima da própria família.
Também disse que a madrasta de Bernardo, Graciele, só falou da amiga Edelvânia quando a polícia informou que iria a Frederico Westphalen procurar imagens para saber que roupa Bernardo usava quando desapareceu. A história da madrasta era de que tinha ido a Frederico com Bernardo comprar uma TV. A polícia procurou imagens na loja. Ao investigar Edelvânia, descobriu contradições e a mulher acabou confessando e revelando o local onde estava o corpo.
Quando Caroline contou que Leandro Boldrini, ao saber do encontro do corpo, apenas falou que "queria provas de que estava metido nisso", o pai de Bernardo reagiu ao lado do advogado, na sala do júri, balançou a cabeça e tomou água.
epois, a delegada foi questionada pelo promotor Bruno Bonamente, que começou elogiando o trabalho de investigação. Caroline contou dos sinais de frieza por parte de Boldrini que chamaram a atenção durante o trabalho. Disse que ele retomou o trabalho e havia relatos de que parecia mais feliz do que o normal. A partir de testemunhos, a polícia montou o quebra-cabeças da vida de Bernardo e descobriu que o menino era negligenciado. Também foi descoberto que Graciele já falara a outras pessoas sobre a ideia de se "livrar" de Bernardo.
Depois das prisões, mais detalhes foram sendo revelados. A delegada discorreu sobre combinações entre familiares para que Graciele livrasse Boldrini de envolvimento na morte, por exemplo.
E pontuou detalhes que a levaram a ter certeza de que o médico sabia e participou do plano para matar o filho, entre eles, o fato de ter comentado entre colegas de trabalho que Graciele iria comprar uma TV para Bernardo em Frederico Westphalen. Seria a tentativa de criar antecipadamente um álibi. Os questionamentos do MP se encerraram às 15h, quando então os advogados de defesa passaram a fazer as perguntas.

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