10/03/2019 às 18h13min - Atualizada em 10/03/2019 às 18h13min

Caso Bernardo: quem são os personagens do julgamento

GaúchaZH
Montagem sobre fotos / Ricardo Duarte/Agência RBS
A partir da segunda-feira (11), Três Passos, na Região Noroeste, vai reviver momentos de dor e culpa pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, ocorrida há cinco anos. O julgamento dos quatro réus acusados pelo homicídio vai mobilizar a comunidade e autoridades e dará destaque a alguns dos principais personagens da história do pior crime já registrado na região.
Os réus
Além das testemunhas que estarão no cenário do Salão do Júri de Três Passos, a presença dos réus, por si só, atrai atenções e motiva protestos.
Em 2014, o então casal Leandro Boldrini e Graciele Ugulini, hoje réus, desfrutava de bom conceito na cidade. Ele, cirurgião. Ela, enfermeira. Pais de uma menina. Mas a negligência em relação a Bernardo saltava aos olhos.
Todos enxergavam os sinais de abandono e desamor: o menino perambulava pelas ruas, pedia para dormir na casa de colegas, não tinha as chaves de casa, não podia brincar com a irmã e era proibido de conversar com a madrasta, não podia usar a impressora nem a piscina de casa, não ganhava janta e ia para escola sem lanche, chegou a virar piada entre colegas, andava malvestido — no inverno, usava manga curta, carregava na mochila remédios controlados que tomava sozinho, nos últimos meses de vida aparentava desnutrição. Pouco antes de ser morto, entrou no fórum para pedir socorro: queria mudar de família.
Boldrini, quando deu entrevista a GaúchaZH dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), além de alegar inocência, disse que pretendia sair da prisão e retomar a vida como médico. Até hoje, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) não fez nenhuma apuração sobre a conduta do cirurgião. Questionado, o conselho informou que espera uma decisão da Justiça. Já o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) julgou processo ético-disciplinar contra Graciele e decidiu pela cassação do registro da enfermeira por 30 anos. Desde que está presa, a madrasta de Bernardo nunca pode rever a filha, que vive sob a guarda de familiares dela. A Justiça não autorizou as visitas. Ela também tentou ganhar prisão domiciliar, que foi negada.
Os outros dois acusados eram desconhecidos em Três Passos até então: os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz, de Frederico Westphalen. Graciele e Edelvânia eram amigas. A fala de Edelvânia, contando os detalhes do assassinato, estarreceram a polícia e a população. Foi a partir do depoimento dela que a polícia localizou o corpo de Bernardo, em Frederico Westphalen. O vídeo do depoimento teve grande repercussão. Para justificar o motivo de ter participado da ação, Edelvânia disse, em abril de 2014: "Era muito dinheiro e não teria sangue nem faca, era só abrir um buraco e colocar dentro o menino".

As testemunhas

Entre as testemunhas de acusação estará, por exemplo, a empresária Juçara Petry, a mulher com quem Bernardo pediu para morar e por quem era tratado como filho. A família de Juçara acolhia o menino, que dormia e fazia refeições na casa, participava de festejos, realizava as tarefas da escola, ganhava presentes e amor. Foi para ela que Bernardo teria feito a última ligação antes de ter o telefone confiscado pela madrasta, Graciele Ugulini, a caminho da morte, em 4 de abril de 2014.
A delegada que esmiuçou a trama do assassinato, Caroline Bamberg Machado, também falará como testemunha de acusação. Caroline conduziu a investigação que levou os quatro réus para a prisão depois de o corpo do menino ser encontrado em uma cova rasa em Frederico Westphalen. Atualmente, Caroline é delegada regional de Cruz Alta. Outra testemunha que teve participação na investigação é a delegada regional de Três Passos, Cristiane de Moura e Silva.
Também muito conhecida na cidade, Andressa Wagner, ex-secretária na clínica do médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo, também sentará no banco de testemunhas. Ela falará pela acusação, arrolada pelo Ministério Público, e também como testemunha de defesa de Boldrini.

O que diz a defesa dos réus

Leandro Boldrini
Os advogados do pai do menino Bernardo, Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares, preferiram não gravar entrevista. No entanto, enviaram nota para GaúchaZH: "A defesa de Leandro Boldrini confia no Tribunal do Júri e espera um julgamento justo, amparado nas provas do processo. O  processo fala e o Júri terá, certamente, a sabedoria para  ouvir e fazer a tão esperada justiça. Reiteramos o nosso respeito pela nobre atividade desempenhada pela imprensa".
Graciele Ugulini
O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que defende a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, preferiu não se manifestar. 
Edelvânia Wirganovicz
O advogado Gustavo Nagelstein, que defende a amiga da madrasta de Bernardo, declara que vai apresentar à sociedade uma outra versão, não "contaminada pelo preconceito". Para ele, as provas arrecadadas pelo Ministério Público e Polícia Civil são frágeis e não demonstram a participação de sua cliente no homicídio.
— Vamos apresentar uma linha de raciocínio que é bem razoável no sentido de que ela foi envolvida nessa trama toda. Ela estava, efetivamente, dentro do carro e isso não se nega. Mas a participação dela no homicídio não existe. Não houve participação premeditada — declara Nagelstein.
O advogado, diz ainda, que Edelvânia participou somente da ocultação de cadáver, e não do assassinato. Por fim, Nagelstein ainda afirma que, caso ela seja condenada apenas por ter auxiliado a esconder o corpo, a sua pena já teria sido cumprida com o tempo em que ficou presa.
Evandro Wirganovicz
O advogado Hélio Francisco Sauer, que defende Evandro, disse que não irá se manifestar antes do júri.

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