19/06/2018 às 09h40min - Atualizada em 19/06/2018 às 09h40min

Multas por embriaguez triplicam e número de acidentes com morte cai no RS

Quantidade de mulheres multadas no Estado por dirigirem alcoolizadas aumentou 11 vezes

O número de multas por embriaguez ao volante no Rio Grande do Sul em 2017 chegou a 21,9 mil — o triplo do registrado em 2008, quando foram 6,8 mil casos. Entre as mulheres, embora ainda sejam minoria dos condutores flagrados, as autuações aumentaram 11 vezes.  No mesmo período, o número de acidentes com morte teve redução no Estado. Em 2008, foram 1,9 mil vítimas e, no ano passado, 1,7 mil, uma queda de 8%.  

O levantamento foi divulgado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) por conta dos 10 anos da Lei Seca. 

Criada como forma de coibir a combinação de álcool e direção, por meio da tolerância zero, a lei permitiu que 174,4 mil motoristas fossem multados no Estado nestes 10 anos.  Em 2017, foram autuados 846 condutores a mais do que em 2016. Na lista da década, 2012 teve maior concentração de multas, com 23,7 mil registros. 

Se o aumento aponta que condutores seguem desrespeitando a lei, para o engenheiro civil e doutor em transportes João Fortini Albano, outros aspectos devem ser considerados, como o aumento de 58% na frota. 

— A fiscalização se tornou mais efetiva, houve aumento no número de condutores e no número de veículos. Acho que essas três coisas estão relacionadas com o número de autuações. Ninguém gosta de ter sua carteira cassada, de pagar pesadas multas ou de ser provocador de acidentes. Hoje nós vemos um respeito a blitz. Infelizmente, tem que usar essas ferramentas mais pesadas para obter resultados — afirma. 

Acidentes apresentam redução 

No mesmo período analisado no levantamento, o número de acidentes com morte teve redução no Estado. Em 2008 foram 1,9 mil vítimas e, no ano passado, 1,7 mil, uma redução de 8%.  Albano acredita que a Lei Seca foi um fator importante nessa redução, já que no mesmo período o número de condutores aumentou 30%. 

— Apesar de aumentar a população, aumentar a frota, houve essa redução. Em parte, pode-se atribuir a os motoristas estarem mais inibidos para dirigir após ingerir bebida alcoólica. Outra parte são o valor das multas e a efetividade da fiscalização. A redução de acidentes tem várias parcelas. Uma delas, sem dúvida, é a Lei Seca.

Mais mulheres autuadas

Outro dado que despertou a atenção é o aumento no número de mulheres autuadas, de 151 em 2008 para 1,6 mil em 2017. No período, o número de motoristas mulheres no RS passou de 1 milhão (28% dos condutores) para 1,6 milhão (34%). Albano acredita que isso pode ser atribuído a uma mudança de comportamento.

— Isso significa que tem mais mulheres bebendo. O consumo atinge todas as faixas de gênero e idade. Acho que isso está dentro do contexto de igualdade. 

Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago Moraes Gonzaga, entende que o maior rigor das blitze tem mais impacto no levantamento do que o comportamento feminino ao volante. 

— As mulheres são naturalmente mais cautelosas. São minoria nos acidentes com mortes e lesão. Dificilmente se vê uma mulher  numa ultrapassagem arriscada ou fazendo "pega" — argumenta. 

Balada Segura em 34 municípios

Em fevereiro de 2011, o Detran-RS lançou a Operação Balada Segura, hoje presente em 34 municípios, com blitze regulares. Para Diza Gonzaga, o aumento do número de condutores flagrados está relacionado com a ampliação de ações como essa. 

— Muitos municípios, antes, não tinham fiscalização nenhuma. Isso impacta os dados. 

O diretor-geral do Detran-RS, Paulo Roberto Kopschina, argumenta que a lei mudou o hábito, antes socialmente tolerado, de beber e dirigir. 

— Depois de 10 anos, ninguém questiona a importância da medida. Pode-se dizer que foi uma lei que "pegou" e salvou incontáveis vidas.

Para Diza, ações de conscientização como as realizadas pela fundação, criada há 22 anos, após a morte do filho em um acidente de trânsito, são fundamentais para evitar fins trágicos.

— Os jovens estão mais conscientes. Já se percebe uma mudança ao longo de todos esses anos de trabalho. Mas a lei é punitiva, não é educativa. A educação é fundamental para virar algo que permeie décadas.

Penalidades

O motorista que for flagrado dirigindo alcoolizado está sujeito a aplicação de multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. A infração é considerada gravíssima e soma sete pontos na carteira.

Detran - RS
 


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