03/04/2024 às 11h41min - Atualizada em 03/04/2024 às 11h41min
Com sete altares, segunda igreja mais antiga do RS terá o telhado restaurado
Gaucha ZH
Uma mobilização em Viamão, na Região Metropolitana, avança na busca por recursos para restaurar e conservar um tesouro cultural, arquitetônico e religioso do Rio Grande do Sul: a Igreja Nossa Senhora da Conceição, segunda mais antiga do Estado (a primeira fica em Rio Grande). A primeira etapa das obras deve ocorrer ainda este ano.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, o templo começou a ser construído em 1767, com pedras da região, areia e conchas do litoral, por determinação do então governador, José Custódio de Sá e Faria, que pretendia transformar Viamão em centro militar de resistência à invasão espanhola. O intento fez da Matriz uma espécie de igreja-fortaleza, com paredes de 1,5 metro de espessura.
A primeira missa foi rezada no local em 1770, e o prédio, aos poucos, se tornou um monumento do barroco colonial brasileiro, com sete altares magníficos — que não perdem em nada para as obras de Aleijadinho, em Minas Gerais. Com o tempo, a estrutura se deteriorou.
— O mais urgente é o restauro do telhado, que tem um problema estrutural sério. Graças a emendas parlamentares e ao apoio do Iphan, essa primeira etapa deve sair do papel em 2024, mas ainda tem todo o resto. Os sete retábulos precisam de intervenção — diz o arquiteto Lucas Volpatto, da Studio1 Arquitetura, que doou o projeto de restauração à paróquia.
Se tudo der certo, o superintendente do Iphan no RS, Rafael Passos, prevê o lançamento do edital de licitação da obra no telhado para o segundo semestre. O valor será coberto com o dinheiro de duas emendas da bancada gaúcha (dos deputados Alexandre Lindenmeyer e Bohn Gass), que somam R$ 550 mil.
— A Matriz de Viamão foi um dos primeiros bens tombados pelo Iphan no RS e, de fato, precisa de cuidados — diz Passos, apontando a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) como alternativa para dar continuidade ao projeto, com o apoio de empresários dispostos a ajudar.
À frente da igreja, o padre Gustavo Haupenthal é um dos entusiastas da mobilização. Ele chegou ao local há um ano e meio, vindo de Sapucaia do Sul, e se emocionou ao entrar no templo pela primeira vez.
— É uma responsabilidade muito grande cuidar de uma senhora desta idade, a joia da Arquidiocese de Porto Alegre. Acredito que a restauração ajudará, inclusive, a elevar a autoestima da comunidade — destaca o padre.
Mais do que isso: será um atrativo para os gaúchos e também para quem visita o Rio Grande do Sul.