30/08/2023 às 09h05min - Atualizada em 30/08/2023 às 09h05min
Médicos do Samu flagrados descumprindo horário alegam que "ausências foram compensadas por banco de horas ou por permutas com colegas"
Gaucha ZH
Nas madrugadas em que o Grupo de Investigação do Grupo RBS (GDI) acompanhou o movimento na central estadual do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Porto Alegre, não foram apenas os médicos Renan Rennó Schumann e Fabiane Andrade Vargas os flagrados descumprindo horários, como revelado na primeira reportagem da série que vem sendo publicada desde domingo (27). Agora, novos episódios são revelados.
No dia 28 de junho, outros dois médicos, que conforme as escalas obtidas pelo GDI deveriam trabalhar das 19h às 7h, seguiram o mesmo comportamento de Schumann e Fabiane. Jorge Guardiola Meinhardt Júnior e Telio Castro Frois cumpriram apenas cinco das 12 horas que deveriam ter trabalhado.
Conforme o enfermeiro Cleiton Felix, que informou o caso ao GDI, os médicos que deveriam atuar simultaneamente durante a noite se dividem para cumprir parcialmente as escalas. Parte deles atua das 19h à meia-noite, outros, da meia-noite às 4h, e um terceiro grupo, das 4h às 7h. Os dois flagrantes revelados agora são de médicos reguladores da primeira turma da "escala da escala".
Por volta da meia-noite, Meinhardt Júnior, que havia chegado em torno das 19h, deixa o plantão, sete horas antes do fim. Frois também vai embora sete horas antes do fim da jornada. Relatórios dos atendimentos prestados no dia 28 de junho confirmam que ambos atenderam entre 19h07min e 0h05min.
Segundo o portal da transparência da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS), cada um deles recebe, mensalmente, salário de R$ 11.045,25.
Contrapontos
O GDI entrou em contato os dois médicos, que responderam com o mesmo texto, no qual afirmam que cumprem "rigorosamente os horários de trabalho (...) e eventuais ausências foram compensadas por banco de horas ou através de permuta com colegas". Os reguladores do Samu dizem ainda que "não têm como se defender de acusações genéricas, sem ter conhecimento dos exatos dias e horários" em que supostamente estariam descumprindo horários.
Procurados, Renan Rennó Schumann e Fabiane Andrade Vargas, mencionados na primeira reportagem, não se manifestaram.
Nesta terça-feira (29), o Ministério Público de Contas (MPC-RS) encaminhou uma representação pedindo ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) auditoria sobre a regulação do Samu no Rio Grande do Sul.