18/08/2023 às 10h46min - Atualizada em 18/08/2023 às 10h46min
Veja como vai funcionar a maior planta de triagem de lixo do RS
Gaucha ZH
A partir desta quinta-feira (17), um antigo aterro sanitário localizado numa área rural do bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo, vai empregar a tecnologia de ponta para separar lixo reciclável de materiais orgânicos e produzir energia a partir dos gases gerados por resíduos domésticos.
O novo complexo formado pelo maior centro semiautomático de triagem do Rio Grande do Sul e por uma usina biotérmica é fruto de um investimento de R$ 28 milhões da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) com o objetivo de reduzir o impacto ambiental do descarte de lixo. A planta, inaugurada nesta quinta-feira (17) começa a operar em fase de testes e deverá funcionar a pleno no começo de setembro.
A área na zona rural do Vale do Sinos recebe até 1,2 mil toneladas de lixo doméstico de municípios próximos. Até hoje, o material era depositado no aterro localizado no terreno, com medidas de segurança destinadas a evitar contaminação do terreno e do lençol freático.
Muitas vezes, os sacos que tinham de conter apenas itens orgânicos também trazem materiais que deveriam ter sido descartados pela população como recicláveis, a exemplo de papel, plástico ou metal. Com a inauguração da unidade semiautomatizada de separação, onde a triagem é feita inicialmente por máquinas e ao final por mãos humanas, até 40 toneladas de resíduos secos ao dia deixarão de ser lançados no aterro e serão reencaminhados para pontos de reciclagem.
— Vamos começar separando 20 toneladas (de lixo seco) ao dia, e depois chegaremos a 40 toneladas, que vão corresponder a 10% do material encaminhado à unidade de triagem — explica a coordenadora da unidade de São Leopoldo da CRVR, Greice Urruth.
Nem todos os 200 caminhões que despejam lixo no local diariamente serão encaminhados à nova planta. Uma análise prévia vai indicar as cargas com mais chance de conter itens reaproveitáveis e que vão abastecer o novo complexo. Depois de passar por diferentes formas de seleção mecanizada (veja detalhes abaixo), profissionais contratados pela empresa farão de forma manual a última seleção dos artigos que serão reciclados.
— Estamos dando prioridade de contratação a pessoas da comunidade do entorno, principalmente a mulheres que muitas vezes se encontravam em situação vulnerável. Algumas nem mesmo tinham certidão de nascimento, e ajudamos a regularizar os documentos delas, que serão contratadas via CLT e terão o mesmo plano de saúde que os diretores da empresa ou qualquer outro funcionário — afirma Greice.
Ao todo, serão criadas 80 novos postos além das 48 vagas diretas e das 27 terceirizadas já existentes. O investimento inclui ainda um novo destino para o gás gerado pela decomposição do lixo orgânico. Em vez de ser apenas queimado, ele será canalizado a fim de abastecer a nova usina biotérmica da empresa – que já conta com esse tipo de estrutura em outras quatro Unidades de Valorização Sustentável (UVS, como são denominados hoje pela empresa os antigos aterros sanitários) – em Minas do Leão, Santa Maria, Victor Graeff e Giruá.
O chamado biogás será capaz de gerar um megawatt/hora de energia, o suficiente para abastecer entre 15 mil e 20 mil residências. Futuramente, a instalação de novos equipamentos poderia até quadruplicar essa capacidade. Segundo a CRVR, as estruturas inauguradas nesta quinta-feira vão gerar ainda um incremento no recolhimento de impostos para o município de R$ 3 milhões para R$ 4 milhões anuais.
Além das cinco unidades que recebem sobras domésticas no Estado, a empresa tem uma área destinada a material industrial em Capela de Santana e um ponto de transbordo em Tramandaí (onde o lixo é pesado e transferido para outros caminhões). ACRVR tem capacidade para receber os resíduos gerados por cerca de 75% da população gaúcha.