— A moça já ouviu falar de Manoel Padeiro? — perguntou Eugênio da Silva Alencar, o Mestre Paraquedas, durante entrevista para reportagem sobre a história do carnaval de Porto Alegre publicada por GZH em fevereiro.
Ao ouvir a negativa da repórter, o mestre acrescentou:
— Zumbi dos Palmares garanto que a moça conhece, não é? Pois Manoel Padeiro foi o Zumbi do Rio Grande do Sul. Não estou criticando, mas não o conhecer é uma falta. Essa é uma história que deveria ser ensinada nos colégios, que deveria estar em todos os jornais.
Ele está certo. Basta uma pesquisa rápida na internet para se ter uma ideia da importância histórica de Manoel Padeiro. E é justamente por isso a estranheza de que seu legado seja tão pouco reverenciado pela historiografia oficial do Rio Grande do Sul.
Vivendo na Pelotas dos anos 1830, Padeiro liderou um dos mais expressivos levantes de africanos escravizados do Estado e tornou-se referência secular para a comunidade negra da cidade que se autoproclama “a princesa do Sul”. Ao lado de aproximadamente nove companheiros que atuavam na linha de frente – a exemplo de Mariano, Pai João e a emblemática Preta Roza, africana que partia ao confronto vestindo roupas masculinas e portando dois facões cruzados na cintura –, o “general” Manoel Padeiro, como era chamado, invadia fazendas e charqueadas da região a fim de libertar os negros em condição de trabalho compulsório. E, aos moldes do que fez Zumbi dos Palmares em Pernambuco, fundou por entre os riachos e matagais da Serra dos Tapes, nas cercanias de Pelotas, uma série de quilombos dispostos a acolher aqueles que, tal qual ele próprio, rebelavam-se contra o sistema vigente à época.
Um sistema que tinha o charque como manufatura e a mão de obra escrava como âmago do bem sucedido case econômico que foi, este sim, reverenciado pelos livros de história ao longo dos últimos 200 anos. Em contrapartida, poucas páginas foram dedicadas a detalhar o regime escravista do Rio Grande do Sul, ainda que o Estado — sobretudo a região de Pelotas — tenha sido berço de uma das escravaturas mais violentas do país. É o que explica o historiador Cauiá Cardoso Al-Alam, professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) especializado em história social da escravidão e um dos autores do livro Os Calhambolas do General Manoel Padeiro: Práticas Quilombolas na Serra dos Tapes (Editora Oikos):
– Durante muito tempo tivemos uma historiografia que defendia que a lida campeira não se utilizou de mão de obra escrava, ainda naquela ideia de romantizar a identidade do gaúcho. Mas o estudo da História nos mostra que a escravidão no Rio Grande do Sul foi de uma violência bastante contundente. Assim, rememorar Manoel Padeiro e seu coletivo é fundamental também para pensarmos o Estado e Pelotas conectados ao sistema escravista do país.
– A cidade era chamada de “o inferno da escravidão” em outros lugares do Brasil – salienta o pesquisador Luis Carlos Mattozo, coordenador do Museu do Percurso Negro de Pelotas. – Todo negro do Norte que se rebelava e era capturado tinha como punição vir para cá. Isso ocorria tanto pelo frio intenso da região quanto pela dureza do trabalho nas charqueadas e o tratamento violento que os negros recebiam.
Parte de tal tratamento é evidenciada em processos criminais instaurados contra o bando de Padeiro e em ofícios emitidos pela Câmara Municipal entre os anos de 1834 e 1835, disponíveis para consulta no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (Apers), no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS) ou no Fundo da Escravidão da Biblioteca Pública Pelotense. Desse pequeno apanhado de documentos históricos vem quase tudo o que se sabe sobre Manoel Padeiro e os quilombos da Serra dos Tapes, deflagrando uma escassez de registros que dificulta o resgate concreto da trajetória do Zumbi dos Pampas.
– Manoel Padeiro é uma figura emblemática e, tal qual outras lideranças populares das Américas, a gente consegue acessar pouco sobre ele – afirma Al-Alam. – Embora seja uma figura presente na oralidade do povo negro da região, a maior parte das informações a que temos acesso vem das fontes repressivas, que devem ser analisadas sempre com um olhar problematizador. É difícil precisar a origem dele, e a própria alcunha de Manoel “Padeiro” não tem nenhuma referência específica. O que sabemos com certeza é que Padeiro e o seu coletivo de quilombolas foram uma ameaça real para o sistema escravista da região.
Terror dos escravistas
É possível compreender o perigo que Manoel Padeiro representava para as elites escravistas ao se analisar os documentos da época. O líder quilombola era descrito pelas autoridades como um mal a ser cortado pela raiz, não importando quanto capital financeiro e humano fosse preciso despender para cessar a ação de seu bando. Em um ofício enviado em 1835 ao então presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, a Câmara Municipal anuncia uma recompensa de 400 mil réis a quem efetuar a “prisão ou a extinção do chefe dos ditos quilombolas”, além da gratificação de 200 mil réis por qualquer um dos companheiros de Padeiro, descritos no texto como “facinorosos” e “motores de tantas desgraças que têm acontecido”.
Em outro documento do mesmo ano, com a caçada pelos quilombolas ainda mais acirrada, a quantia em dinheiro é oferecida a quem trouxer “a cabeça de Manoel Padeiro”. Em um terceiro registro, a Câmara pede reforço de efetivo da Guarda Nacional para aniquilar os negros; em um quarto, solicita que escravizados que tiveram contato com a Revolta dos Malês, na Bahia, não sejam vendidos para as charqueadas pelotenses. Conforme Al-Alam, o temor dos escravistas era de que a experiência revoltosa liderada por Manoel Padeiro tomasse proporções tão significativas quanto a do norte do país, colocando em risco um sistema que, todos sabiam, estava chegando perto do colapso.
– O grupo do Manoel Padeiro estoura essa revolta no meio de uma conjuntura de país que era um terror para a classe senhorial, pois as revoltas populares demonstravam a fragilidade das elites daquele Brasil recém-independente. Por isso que a repressão foi tão grande, e por isso, também, que a resistência deles foi tão contundente – explica Al-Alam. – Padeiro e seus companheiros estavam dispostos a resistir à escravidão, mesmo sabendo que isso poderia levá-los à morte. E, ainda assim, eles tinham planos ambiciosos: uma das testemunhas do processo que tem como réu Mariano (um dos integrantes do grupo) comenta que eles estavam se organizando para tomar de assalto a Câmara. Se de fato conseguiriam a gente não sabe, mas é interessante perceber que eles estavam organizados.
A ambição tinha uma razão de ser. Padeiro, Mariano, João, Roza e os demais quilombolas envolvidos no levante sabiam da força que tinham frente ao sistema escravista de Pelotas – ainda que também soubessem das consequências de desafiar a escravidão. Mas estavam em maioria, afinal: em meados de 1830, de acordo com censo demográfico da época, mais da metade da população do município era formada por negros, entre escravizados e libertos. Além disso, a geografia da “princesa do Sul”, próxima ao oceano, delimitava um dos fatores que também foram cruciais para a adesão à luta liderada por Padeiro: os negros que eram escravizados em Pelotas sabiam que a escravidão não era um mal incontestável. É o que defende o pesquisador Luis Carlos Mattozo:
– Pelotas era uma das portas de entrada dos africanos no Brasil. Então, o negro que chegava aqui não era um negro já filho da escravidão, que não tinha referências históricas e culturais próprias, pelo contrário. Essa característica fez com que a cidade tivesse, apesar de toda a repressão, um caldo muito consistente de cultura, de articulação e de resistência do povo negro. Tudo isso, combinado ao surgimento de uma figura como a de Manoel Padeiro, que peitava o sistema escravista, causou verdadeiro horror nas elites.
Foi somente em 16 de junho de 1835 que os senhores conseguiram ensaiar uma noite de sono tranquilo: um confronto entre os quilombolas e as forças institucionalizadas de repressão finalmente desmantelou o grupo de Manoel Padeiro. E entre mortos e feridos, o Zumbi dos Pampas apagou completamente seus rastros da história a partir daquele dia. Matreiro que era, pode ter abrido fuga pelos meandros da Serra dos Tapes, que conhecia tal qual a palma da própria mão. Ou, como defendem alguns historiadores, talvez tenha se juntado ao exército dos Lanceiros Negros que pelearam por liberdade durante a Guerra dos Farrapos, iniciada pouco tempo depois, em 20 de setembro de 1835. Ou pode ter morrido em combate, lutando por vida digna para si e para os seus, ocupando na história o lugar destinado aos mártires. O desfecho certo ninguém sabe.
Quilombos ontem e hoje
A vitalidade de Manoel Padeiro pode ser sentida ainda hoje por quem percorre a extensa Serra dos Tapes, visitada pela reportagem em meados de junho – quando, quase 200 anos antes, Manoel Padeiro sumiu sem deixar vestígios. Negligenciado pelos livros de história, Zumbi dos Pampas permanece em cada pedaço de chão daquela região. Está impregnado na energia do lugar e vivo no imaginário dos quilombolas que habitam atualmente a Serra dos Tapes. É reverenciado como ícone pelo movimento negro de Pelotas, cantado nos terreiros das religiões de matriz africana com deferência de sagrado e, dizem, também pode curar quem se banha nas águas de um dos muitos arroios que cruzam a região: o Arroio Quilombo, cujo nome grava também na cartografia a luta travada pelo líder negro Manoel Padeiro.
Para a historiadora Cláudia Daiane Garcia Molet, estudiosa da história oral das comunidades quilombolas do sul do Estado e autora do livro O Litoral Negro do Rio Grande do Sul (Editora Oikos), essas são provas de que, ainda que tenham vencido a batalha de 16 de junho, as elites escravistas jamais perderam, efetivamente:
– Os senhores e senhoras perderam sempre, porque focaram em destruir o sujeito, o espaço físico, mas a luta do povo negro não se limita aos sujeitos e aos espaços. A luta negra é uma luta coletiva. Por isso que a gente está aqui hoje e por isso que ainda temos comunidades quilombolas resistindo nesse território. A destruição do grupo de Manoel Padeiro nunca aconteceu, porque eles continuaram vivos na memória do povo negro. Eles não estão no passado, estão no presente, na luta dos quilombolas de hoje.
Quatro comunidades remanescentes de quilombos estão estabelecidas na Serra dos Tapes em 2023, com reconhecimento da Fundação Palmares: Algodão, Alto do Caixão, Cerrito Alegre e Vó Elvira. Dando continuidade ao legado iniciado por Manoel Padeiro, os quilombos abrigam mais de mil pessoas na região, hoje habitada também por descendentes de italianos, de alemães, de franceses e de pomeranos.
Os imigrantes começaram a chegar à Serra dos Tapes nas décadas finais dos anos 1800, período que convergiu com a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Mas, diferentemente do que ocorreu com os negros, liberados do trabalho compulsório nas charqueadas sem nenhum tipo de reparação, os imigrantes europeus foram alocados em terras devolutas da região, amparados pelo governo.
O resultado disso fica visível ao andar pela Serra dos Tapes nos dias de hoje. É fácil perceber quais são as casas dos negros e quais são as casas dos descendentes de europeus, tamanha a diferença entre suas estruturas. A disposição geográfica também fala por si: os pontos mais planos da serra, adequados ao plantio e ao trabalho com máquinas agrícolas, no geral abrigam imigrantes; os pontos íngremes, onde o cultivo se torna mais custoso, estão ocupados pelos quilombolas.
– Os negros foram empurrados para os cerros – diz o agricultor Ademir da Silva, 66 anos, um dos líderes do quilombo Alto do Caixão. – Mas os negros sobreviveram. Na base da enxada, na base da picareta, a gente sobreviveu. Eu criei todos os meus filhos aqui, todos eles formados – orgulha-se, mostrando também a pequena lavoura cultivada no alto da Serra dos Tapes, onde viveram quatro gerações da sua família.
No campo das diferenças invisíveis está a relação dos quilombolas e “colonos” – como se convencionou chamar os imigrantes na região. Sem papas na língua, Ademir define a convivência entre negros e brancos na Serra dos Tapes:
– Existe um racismo velado. Todo mundo é amigo, todo mundo se dá bem, só que até um certo ponto. É fácil ver isso quando um filho teu tenta namorar uma filha deles. Aí o bicho pega (risos).
Ainda que sem muito conhecimento teórico sobre as cotas raciais e outras conquistas do gênero, a quilombola Vania Ribeiro Fonseca, 76 anos, entende o que o avanço das políticas públicas representa na prática para os seus. E brinca que, hoje em dia, todo mundo quer ser quilombola.
– Antes ninguém queria ser preto, mas agora até alemão quer ser quilombola. Aqui perto mesmo tem uma que é bem alemoa, aí pintou o cabelo de preto pra querer ser negra. Eu falei: “Para, guria, tu é alemoa” (risos). Mas é porque agora os negros têm valor, né? Antes a gente não valia um vintém, davam nos negros, faziam de tudo, mas agora temos muito valor.
Muro entre conterrâneos
Nessa relação delicada entre negros e brancos na Serra dos Tapes esbarra também uma das questões mais polêmicas da região: a titulação das terras quilombolas. Isso porque, embora sejam reconhecidos pela Fundação Palmares, os quilombos da Serra dos Tapes são posseiros dos territórios que ocupam, mas não detêm o direito legal sobre eles. A regularização é feita junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) através de um processo longo e que, todos os quilombolas sabem, deve subir de vez o muro que os separa dos colonos.
– Nosso foco é a titulação, mas é um assunto tão delicado que a gente não pode nem falar muito sobre ele – revela Nilo Dias, 50 anos, um dos líderes do Quilombo do Algodão. – Demarcar território quilombola significa mexer em terra de colono. E isso significa arrumar inimizade, não conseguir mais emprego nas lavouras deles, então é bem complicado.
– Aqui todo mundo gosta de quilombola, até que a gente começa a falar de terra e de igualdade de direitos – define Antônio Leonel Rodrigues Soares, 54 anos, liderança no Quilombo Vó Elvira. Ele enxerga a luta de hoje como um novo capítulo daquela iniciada séculos antes por Manoel Padeiro, a quem tem como ancestral, herói e guia espiritual:
– Manoel Padeiro lutava por liberdade, nós hoje lutamos por igualdade de direitos. Antes eles usavam lança; hoje, a gente quer usar a caneta. Padeiro e os seus companheiros são sagrados para a gente, todo o nosso trabalho é pensando naquilo que eles fizeram lá atrás. Eles me acompanham em tudo, assim como meu pai Xangô e minha mãe Iemanjá.
A semelhança entre as lutas do passado e do presente passa também pela repressão aos quilombolas. Nilo Dias relata que, em meados de 2000, quando as comunidades quilombolas da Serra dos Tapes resolveram se unir para lutar por direitos, aquele 16 de junho de 1835 pareceu ter sido transportado para o presente.
– Foi uma dificuldade para a gente conseguir se articular enquanto comunidades quilombolas de Pelotas. Tentaram de todas as maneiras que a gente não se articulasse, inclusive com ameaça de morte. Eu mesmo já fui ameaçado de morte por ser uma liderança quilombola – conta o líder do Quilombo do Algodão. – Tudo isso por quê? Porque para explorar uma população é muito mais fácil que ela se mantenha individualista, que ela não se organize em coletivo. Quando a gente começou a se organizar, enfrentamos muita perseguição. Hoje o cenário é melhor, mas só porque não desistimos e tivemos a mesma persistência que Manoel Padeiro teve.
Nesse sentido, o resgate da história do Zumbi dos Pampas é visto como importante arma na luta atual das comunidades quilombolas e do movimento negro. Em um contexto marcado por negação dos feitos, da história e das contribuições negras para o Brasil – e especialmente o Rio Grande do Sul –, reconhecer ícones como Manoel Padeiro é crucial para a continuidade da resistência e dos avanços provenientes dela. É o que defendem Nilo Dias e Antônio Leonel.
– Conhecer as lideranças do passado, a luta deles, traz autoestima para a população negra. É muito fácil explorar uma população sem autoestima, mas quando a gente conhece a nossa própria história, a coisa muda de figura – opina Dias.
– No momento em que a gente olha para a história dos nossos antepassados e percebe que ela não se resume a apanhar no tronco, que o nosso povo trouxe muita contribuição, é um fortalecimento – completa Leonel.
O caminho da reparação
A reparação pelos quase dois séculos de apagamento impostos à figura de Manoel Padeiro começou nas últimas décadas, com um aumento significativo de pesquisas acadêmicas dispostas a investigar seu levante quilombola. É bem verdade que ainda se sabe pouco a respeito de Padeiro e seus companheiros de luta, mas esse pouco, na visão dos historiadores Caiuá Cardoso Al-Alam e Cláudia Daiane Garcia Molet, é um resultado prático de políticas públicas que levaram os negros às universidades para estudar a própria História, até então pouco pesquisada.
A reparação pode passar pela Assembleia Legislativa do Estado, onde tramita desde fevereiro um projeto de lei que visa reconhecer Manoel Padeiro com o título de herói do Rio Grande do Sul. Proposto pela deputada Laura Sito (PT), o PL 86/2023 também pretende instituir o 16 de junho como data alusiva ao líder quilombola. O texto já recebeu parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça e atualmente aguarda apreciação de uma segunda comissão para posterior votação. Caso seja aprovado, Manoel Padeiro se tornará o primeiro negro a receber a honraria.
– Esse reconhecimento, apesar de muito tardio, é de extrema importância para nós – diz Nilo Dias, do Quilombo do Algodão. – Só que o título não pode vir só. É fundamental que a história de Padeiro e dos seus companheiros seja trabalhada nas escolas, para que todos a conheçam.
Na Serra dos Tapes, experiências como a do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Escola Municipal de Educação Fundamental Nestor Elizeu Crochemore traçam o mapa que leva Manoel Padeiro e outros líderes negros até o ambiente escolar. O projeto funciona no turno inverso às aulas regulares e trabalha de maneira multidisciplinar a cultura afro-brasileira, em conformidade com a Lei 10.639, que estabelece inclusão obrigatória das temáticas nos currículos escolares.
– Focamos bastante a História da nossa região, tentando mostrar um outro lado da cidade de Pelotas – explica a coordenadora do Neabi, Tatiana Cristina Ugoski Rodrigues. – Quando se fala dos negros, é sempre pelo viés da escravidão, não da cultura e das contribuições. Quando abordamos com as crianças a história de Manoel Padeiro, a reação geralmente é de espanto, porque parece impossível que um herói negro tenha existido aqui. Inverter essa lógica significa promover uma educação antirracista.