11/05/2023 às 10h53min - Atualizada em 11/05/2023 às 10h53min

Luiz Carlos Borges é velado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre

Gaucha ZH
Junto ao maior palco do Rio Grande do Sul, o Theatro São Pedro, Luiz Carlos Borges é velado nesta quinta-feira (11). O músico morreu na noite de quarta (10), aos 70 anos, devido a complicações de um aneurisma de aorta. Borges estava internado desde 29 de março no Hospital São Francisco, em Porto Alegre. Conforme a família, ele partiu rodeado dos familiares. Assim também foi a sua despedida. Desde o início da manhã, a esposa do músico nativista, Andressa Camargo, e outros familiares estão reunidos no hall do teatro. A cerimônia foi aberta ao público às 10h.
Conhecido por uma forma única de tocar gaita, "chorando com a cordeona" — como definiu em sua última entrevista a GZH —, Borges deixa um legado incalculável para a cultura gaúcha. Para o músico e pesquisador Vinicius Brum, amigo do nativista há mais de 40 anos, Borges foi um dos mais exímios instrumentistas que o país já viu nascer. E também uma das melhores pessoas que ele já conheceu.
— Há uma comoção coletiva na comunidade cultural muito expressiva, pois o Borges talvez tenha sido um dos mais brilhantes artistas que a nossa cultura rio-grandense já teve. E também, a gente precisa lidar com a perda pessoal que a morte dele representa. É um dia muito difícil. Não há como mensurar a importância dele, nem a lacuna que ele deixa — diz Brum.
Na ocasião dos seus 70 anos, completados no final de março, Borges promoveu um grande evento para marcar a data. Ele comemorou junto ao aniversário as suas seis décadas de música. Foi uma celebração à altura dele: foram dois dias de festa. Um deles foi restrito a amigos, enquanto o outro foi aberto ao público, com shows e rodas de conversa sobre diferentes aspectos da música.
Brum lembra da alegria do amigo na ocasião:
— Algumas coisas acontecem de modo que parecem programadas. Ele estava absolutamente radiante nesses dois dias, cercado por muitos amigos. Parece que estava se despedindo.
A despedida é especialmente difícil para o nativista Érlon Péricles. Além de ter Borges como uma referência dentro da música regionalista, o cantor era sobrinho do músico. Foi ele, aliás, o grande incentivador do início da carreira de Péricles.
— Ele era um garimpeiro de talentos — resume Péricles. — Meu tio oportunizava aos mais novos aprender com ele e também se permitia aprender com os mais novos.
A saudade, conforme ele, é grande, mas o legado do tio será eterno:
— Vou guardar muita coisa boa. A memória do meu tio, do meu amigo, do meu compadre vai ficar guardada sempre. Ele fica como uma referência: de pessoa, de ídolo, de artista e de homem da cultura. Ele deixa um legado irretocável, um legado a ser estudado mundo afora. Era um cara diferenciado, essencial à cultura gaúcha.
 
A despedida a Luiz Carlos Borges deve seguir até as 18h.

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