01/09/2022 às 09h46min - Atualizada em 01/09/2022 às 09h46min
Retomada a pleno da Expointer tem retorno de raças ao parque Assis Brasil após anos de ausência
Gaucha ZH
Os mais de 6 mil animais que marcam presença na Expointer este ano trazem outra marca para além do número expressivo. O total de exemplares inscritos é também formado por animais que retornam ao parque Assis Brasil, em Esteio, depois de anos longe das pistas. A mudança de status sanitário há pouco mais de um ano, que tornou o Rio Grande do Sul zona livre de febre aftosa sem vacinação, abriu as fronteiras para que a cabanha São Chico, de Água Doce, em Santa Catarina, retornasse à feira com três exemplares de bovinos red poll. A raça de dupla aptidão (com produção de carne e de leite) não participava da feira há pelo menos cinco anos, segundo o sócio proprietário e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Red Poll, Fabiano Mendes dos Santos. Na última ocasião, os animais haviam sido levados por criadores de Vacaria, portanto, sem o empecilho da barreira sanitária. Para a São Chico, o retorno à Expointer é emblemático não só pela presença da raça e da entrada de animais de outro Estado, mas também pela retomada de uma tradição familiar. Há mais de 30 anos, o pai do criador era quem trazia os animais para a feira, levando a red poll ao pódio da Expointer com a conquista de diversos títulos na década de 1980, até o fechamento das divisas dos Estados.
O retorno em 2022 tem fins de dar visibilidade à raça. São apenas sete criadores no país, atualmente.
— É uma raça que não tem o número de criadores que poderia. E a Expointer é a maior vitrine da pecuária no Brasil. Se não trouxer para a feira, fica escondida. Para o ano que vem, queremos lotar um corredor — projeta Santos.
Divulgar raças como novas oportunidades de negócio aos produtores foi também o que motivou a vinda da cabanha 3 Leites para o parque. Em parceria com outra propriedade, a cabanha Chapecó, o criador Anderson Biachi exibe no pavilhão de animais dois exemplares de ovinos laucane. Há 14 anos a raça não cruzava os portões da Expointer.
— Trouxemos a laucane para mostrar a raça aos criadores como uma alternativa além do corte e da lã, com o potencial da produção de leite. É uma outra possibilidade de negócio — diz Bianchi, proprietário da 3 Leites, em Lajeado Grande (SC).
Como a aptidão leiteira é o destaque da raça, nada melhor do que apresentar, além do animal, a qualidade do produto que chega ao consumidor. E a provinha está logo ali perto das baias, no pavilhão da Agricultura Familiar. Além de conhecer os ovinos no parque, os visitantes podem experimentar e comprar queijos produzidos com o leite de ovelha. Os produtos com a marca Casa Bianchi estão à venda no estante San Lucio Laticínios. Queijo, doce de leite e iogurte de leite de ovelha são as opções. No comando das vendas, Valdir Gasparrini comemora a procura do público e diz que os produtos despertam curiosidade por serem de ovinos:
— O doce de leite é o carro-chefe, mas oferecemos uma prova dele junto com o queijo e já vende também. Uma coisa puxa a outra — diz.
Para a raça zebuína sindi, a Expointer é de retomada e de estreia ao mesmo tempo. Desde 2015 os exemplares não cruzavam o parque, hiato que se rompe agora com a exposição de primeira viagem de Joceley Trevisan, de Caxias do Sul. Ele é o único criador registrado da raça na Região Sul e vê na feira uma oportunidade de mostrar o potencial dos animais para outros criadores.
— Foram dois anos pesquisando até chegar nesta raça. Vim na Expointer de 2019 para conhecer de perto e não encontrei nenhum criador. Hoje, sou o único expositor aqui — celebra Trevisan.
Participação que já entrou para a história da propriedade Rancho Criuva. Pouco antes de posarem para a reportagem, dois animais do plantel haviam sido classificados como grandes campeões na feira.
Ao todo, 6.378 animais foram inscritos para a feira. A edição também contou com o retorno de equinos mangalarga marchador, que já deixaram a exposição.