O Ministério Público em Panambi denunciou a jovem que arremessou um bebê recém-nascido de um ônibus, no Norte do Estado, por tentativa de homicídio triplamente qualificado cometido contra a filha. O caso ocorreu no último 30 de junho. A denúncia do MP foi entregue ao Judiciário na última segunda-feira, mas divulgada somente nesta quarta. O crime ocorreu quando a jovem deu à luz uma menina no banheiro de um ônibus. Após o nascimento, ela colocou a filha em um saco de lixo e, com o veículo em movimento, arremessou-a em via pública no momento em que o ônibus deixava o município de Panambi.
“O homicídio não se concretizou em razão do socorro prestado por policiais militares que foram acionados por pessoas que trafegavam pelo local. Os policiais levaram a bebê, que teve hematomas, escoriações e fissuras cerebrais, além de fratura da região parietal no crânio, para o hospital de Panambi”, descreve o promotor Fernando Freitas Consul.
De acordo com o MP, o crime se enquadra nas qualificadoras de motivo fútil, pois a denunciada pretendia ocultar da família a existência da filha e alegou não ter condições financeiras para criá-la; meio cruel, dado que a criança foi arremessada pela janela do ônibus, dentro de um saco de lixo, com o veículo em movimento; e mediante recurso que impossibilitou a defesa. Além disso, o crime foi cometido contra vítima menor de 14 anos e descendente da acusada. A denunciada segue presa preventivamente por decisão do Juízo da 1ª Vara da Comarca de Panambi.
A criança, que recebeu de familiares o nome Ana Vitória, está internada há 21 dias no Hospital Vida & Saúde, de Santa Rosa, em UTI Neonatal. A menina é monitorada por uma equipe multidisciplinar, incluindo acompanhando de neurologista.
O caso ocorreu em uma das noites mais frias do ano. Segundo a polícia, quando o bebê foi encontrada às margens de uma via pública da região, ela estava com quadro de hipotermia.
O delegado Gustavo Fleury, que investigou o caso, disse que a jovem assumiu a autoria do delito. Segundo o policial, a mãe declarou que “escondeu a gravidez de seus familiares, que não sabia quem seria o pai do bebê e que não teria condições de criar a criança”. Conforme o inquérito, as investigações prosseguiram com “a oitiva de passageiros do ônibus, do motorista do coletivo, bem como de familiares da jovem, os quais, em seus depoimentos, trouxeram informações que ratificam a versão apresentada pela indiciada quando de seu interrogatório”, realizado em São Luiz Gonzaga.