O 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) marcou para esta sexta-feira (3) sessão virtual de julgamento de embargos de réus do caso Bernardo, menino morto em 2014 na cidade de Três Passos/RS. Em março de 2019, o pai, a madrasta, uma amiga e o irmão da amiga foram condenados pelo homicídio da criança.
O pai da criança, Leandro Boldrini, que foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão por homicídio doloso quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica, deve pedir a nulidade do julgamento. Segundo o advogado Ezequiel Vetoretti, a promotoria violou o direito do réu de permanecer em silêncio e a decisão contrariou a prova dos autos, sendo apenas indiciária, na avaliação da defesa.
A defesa da madrasta, Graciele Ugulini, busca reduzir o tempo de condenação, fixado em 34 anos e sete meses de reclusão em regime inicialmente fechado, por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos afirma que o julgamento não considerou a confissão da ré na dosimetria da pena.
O Ministério Público informou que pediu o adiamento da sessão para 10 de dezembro e que o julgamento seja realizado presencialmente "para sustentar oralmente o parecer". No entanto, o pedido foi indeferido.
"Não há nulidades no julgamento e a decisão do Júri de Três Passos está em conformidade com a extensa e sólida prova indiciária. A manifestação foi no sentido de desprover os recursos de todos os réus", afirma a procuradora Maria Ignez Franco Santos.
Já as defesas de Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, e do irmão dela, Evandro Wirganovicz, afirmam que não têm demandas que serão analisadas pelo TJ-RS. A ré foi condenada a quase 23 anos de prisão. O irmão, por sua vez, foi condenado a nove anos e meio, mas já se encontra em liberdade.
Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi morto no dia 4 de abril de 2014. Inicialmente, a Polícia Civil investigava o desaparecimento do menino.
No dia 14, o corpo da criança foi encontrado em uma cova cavada à mão. Na ocasião, o pai e a madrasta foram presos, além de Edelvânia, amiga de Graciele. A investigação apontou superdosagem do medicamento Midazolam como a causa. Os três foram indiciados.
No dia 10 de maio de 2014, o irmão de Edelvânia também foi preso, sendo indiciado posteriormente.
A polícia divulgou vídeos de brigas entre Bernardo, Leandro e Graciele. Conversas de familiares sobre o crime foram apresentadas pelo Ministério Público quando houve a denúncia dos quatro indiciados.
O julgamento foi realizado em março de 2019. Foram 50 horas de sessão, em cinco dias de audiências. O júri, composto por pessoas da comunidade, considerou os réus culpados.