O mês de outubro foi positivo no controle de crimes contra a vida e contra o patrimônio no Rio Grande do Sul, conforme os indicadores criminais divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta quinta-feira. Além de retomar a tendência de queda verificada ao longo do ano, o mês de outubro encerrou com a maior redução no número de homicídios nos últimos dois anos. Em todo o Estado, foram registradas 118 vítimas, o que representa 31,8% menos do que as 173 do mesmo mês no ano anterior. Em relação ao pico da série histórica, quando o RS teve 231 pessoas assassinadas no 10º mês do ano, a retração é de quase metade.
“É o trabalho dos homens e mulheres das nossas forças de segurança, com premissas de integração, inteligência e o investimento qualificado que temos concretizado, mais uma vez, comprovando o acerto do planejamento do Programa RS Seguro”, declarou o vice-governador e secretário da SSP, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
A análise territorial dos dados atesta o impacto da estratégia adotada a partir da priorização de 23 municípios para monitoramento intensivo pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg). Desse grupo de cidades, cinco fecharam o mês sem nenhum assassinato: Guaíba, Lajeado, Rio Grande, Sapucaia do Sul e Tramandaí – a cidade do Litoral Norte completou em outubro o quarto mês seguido sem homicídios. Além disso, em 16 dos 23 municípios priorizados houve queda ou estabilização no número de mortes na comparação com outubro de 2020.
O destaque é Alvorada, na Região Metropolitana, que chegou a figurar como a sexta cidade mais violenta do Brasil no Atlas da Violência produzido pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública com dados de 2017. Naquele ano, entre janeiro e outubro, o município já havia registrado 175 assassinatos. Hoje, Alvorada lidera o ranking de redução de assassinatos – foram 60 óbitos no período, 42 a menos que no mesmo intervalo em 2020. Porto Alegre vem logo atrás, com 20 homicídios a menos no acumulado do ano – o número de vítimas no período caiu de 235 em 2020 para 215 (-8,5%).
Em todo o Estado, houve apenas dois casos, quatro menos que os seis registrados no mesmo mês em 2020, o que representa redução de 66,7% e repete o menor total já verificado em toda a série histórica, desde 2002. No acumulado, o cenário é igualmente de queda. Enquanto entre janeiro e outubro do ano passado houve 58 latrocínios, no mesmo período de 2021 o número de casos caiu para 52 (-10,3%).
Um dos delitos contra a vida que insistia em aumentar em solo gaúcho, o feminicídio completou em outubro seu segundo mês consecutivo de queda no Estado. A queda em relação ao mesmo período de 2020 foi de 40%, passando de cinco para três vítimas, repetindo o menor total já verificado na série histórica, com dados disponíveis a partir de 2012. A queda, contudo, ainda não foi o suficiente para reverter o cenário no acumulado desde janeiro. Na soma de 10 meses, o número de mulheres assassinadas por razão de gênero no Estado, que no ano passado era de 67, agora está em 83.
Por isso, as autoridades reforçam a importância de parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e de escola, ou até mesmo desconhecidos, realizarem a denúncia ao primeiro sinal de violência. Quanto mais cedo for levado às polícias o conhecimento sobre possíveis abusos, maiores são as chances de auxiliar as mulheres vítimas a romperem com o ciclo de violência antes que ele termine em um feminicídio.
Entre os crimes patrimoniais, o roubo de veículos repetiu em outubro a tendência constante de queda verificada ao longo dos últimos dois anos e meio. Em todo o Estado, houve 408 casos no mês – numa média de menos de um para munícipio do total de 497 no Rio Grande do Sul. O dado, que é o mais baixo desde que se iniciou a contagem sistemática desse tipo de crimes em território gaúcho, também representa redução de 15% em relação aos 480 casos ocorridos em outubro do ano passado.
Outro crime relacionado à circulação viária urbana, o roubo a transporte coletivo fechou outubro praticamente em estabilidade. Em todo o Estado, houve 107 ocorrências – alta de 0,9% sobre as 106 de igual mês do ano passado. Frente ao pico da série histórica, em 2016, quando o RS chegou a ter 551 casos, considerando a soma de registros envolvendo passageiros e motoristas de ônibus e lotações, o dado atual representa redução de 80,6%.
Também ficaram estáveis em outubro os ataques a banco, com dois casos, mesmo número do ano passado, repetindo o menor total já verificado no histórico de contabilização. Contra o máximo já registrado, de 27 casos em outubro de 2015, a queda alcança os 92,6%.
A queda da criminalidade que ocorre nas cidades também é perceptível no campo. O Rio Grande do Sul, que segundo o IBGE tem o sétimo maior rebanho bovino do país, com mais de 11 milhões de cabeças, teve redução de 14,3% no número de abigeatos em outubro – de 391 casos no ano passado para 335 neste ano, o menor total desde 2012, quando teve início a contabilização.
A soma desse tipo de crime do meio rural é também a menor já registrada quando observado o período acumulado entre janeiro e outubro. Nos 10 meses de 2021, houve 4.373 ocorrências contra 4.413 no mesmo intervalo do ano passado.