26/06/2018 às 15h29min - Atualizada em 26/06/2018 às 15h29min

Ministério da Saúde aponta água e hortaliças como "possíveis" origens do surto de toxoplasmose

GaúchaZH
Entrevista coletiva entre Ministério da Saúde, Estado e prefeitura de Santa Maria foi realizada nesta terça-feira
Em uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (26) em Santa Maria, autoridades afirmaram que são duas as probabilidades de causa do surto de toxoplasmose no município. Além da água, que já havia sido apontada pelo Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, em entrevista à Rádio Gaúcha na semana passada, as hortaliças também são indicadas como possíveis fontes de contaminação. Os embutidos e as carnes suínas foram descartados das investigações.  
Na entrevista estiveram presentes o secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Osnei Okumoto, o secretário Estadual de Saúde, Francisco Paz, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom e o diretor de operações da Corsan, Eduardo Carvalho. Okumoto explicou que, após a análise dos questionários aplicados em pacientes diagnosticados com a doença, foi possível apontar a água e as hortaliças como prováveis fontes de contaminação, mas, sem confirmação concreta ainda:  
— Chegamos a dados que nos direcionam, mas não nos dão certeza ainda, por isso continuaremos as pesquisas, as análises. Existe a possibilidade compartilhada entre a água e as hortaliças. Na questão das hortaliças, pode haver uma contaminação cruzada, devido à maneira como esses alimentos são lavados.   
Após o descontentamento na semana passada em função das declarações do ministro, o tom do encontro desta manhã foi mais amistoso. As três esferas — município, Estado e União — afirmaram que trabalham de forma conjunta para conter o surto e descobrir as causas da doença. Com a finalização dos trabalhos de campo dos técnicos do Ministério da Saúde e da análise desses dados, agora, a investigação terá continuidade com a coleta de mais amostras de água e também de fiscalização na produção e consumo das hortaliças:  
— Em relação às hortaliças, continua o nosso protocolo de investigação. Nós avaliamos as possibilidades de produção, que pode ser hidropônica ou irrigada, e também de distribuição. Quando se faz a distribuição se tem a prática de colocá-las (as hortaliças) de molho em reservatórios com água. Elas vão para os supermercados e são borrifadas com água. Tudo isso tem que ser acompanhado e a vigilância fará isso. A vigilância deixa de se preocupar especificamente com a carne e derivados da carne e passa a ser preocupar com água e hortaliças. Se colhe amostras, se faz exames e se observa ou não a presença dos oocitos  (ovos com capacidade infectante) naquelas verduras —, destacou o secretário Estadual de Saúde, Francisco Paz.   
Com relação à água, o diretor de operações da Corsan, Eduardo Carvalho, afirmou que nesta semana começaram os trabalhos de limpeza nos 29 reservatórios de água da companhia — que estão espalhados pelo município. Junto com a limpeza estão sendo colhidas amostras de água e de lodo de cada um desses reservatórios para encaminhar ao laboratório da Universidade Estadual de Londrina (UEL) para análise:  
— Esse processo de limpeza está dentro do nosso processo anual de rotina, mas estamos aproveitando para também colaborar no processo de investigação, coletando amostras dessas manutenções. São coletadas a água de cada um deles e caso exista algum tipo de resíduo também será recolhido e encaminhados para análise.    
Desencontro de informações
Na semana passada, a declaração do Ministro da Saúde, Gilbeto Occhi, sobre a causa do surto de toxoplasmose ser a água, foi recebida com surpresa e questionamentos pela prefeitura de Santa Maria e pelo governo do Estado. O prefeito Jorge Pozzobom classificou a atitude do ministro como "extremamente irresponsável", já o secretário Estadual de Saúde, Francisco Paz, afirmou que o ministro foi "infeliz" na declaração.   
Nesta manhã, na coletiva de imprensa, questionados, sobre o desencontro de informações a respeito do surto de toxoplasmose em Santa Maria, as autoridades negaram que exista algum tipo de desentendimento entre as três esferas:  
— Esse alinhamento entre é muito bem estabelecido. Temos conversado sobre todas as questões que envolvem a assistência, o atendimento e o diagnóstico da toxoplasmose. Queremos deixar bem claro que estamos trabalhando juntos para que realmente possa ter uma resposta concreta, o mais rápido possível —, ressaltou Okumoto.  
O secretário Estadual de Saúde, Francisco Paz, foi mais específico e falou sobre a repercussão após a declaração do Ministro da Saúde:  
— Não existe divergência entre o corpo técnico do ministério, do Estado e do município. Estamos com o mesmo entendimento técnico de que estamos enfrentando um problema de difícil solução a curto prazo. Não há diferença de entendimento. Houve uma manifestação do ministro que foi num ímpeto de tentar esclarecer uma questão. Ele não foi suficientemente claro e depois foi esclarecido pela equipe técnica do Ministério da Saúde. A reação do prefeito com essa declaração, diz respeito a uma reação normal de ser surpreendido por algo que há dois dias atrás tinha sido dito que não era possível se afirmar.  Nós colocamos isso na ideia de um mal-entendido, e afirmamos que a relação técnica continua 100% ajustada.   
Medicamentos 
Mais uma vez, na coletiva de imprensa, as autoridades garantiram que não faltarão remédios para o tratamento dos pacientes com toxoplasmose, mas não especificaram a quantidade necessária para tratamento e nem de duração dos estoques:  
— O Estado está adquirindo os medicamentos necessários. Eu já trouxe uma carga de remédios na camionete hoje de Porto Alegre. O Ministério também está fazendo compras dos remédios. Não irá faltar medicamentos. Nós compramos suficiente para repor estoques e pagar os outros Estados que haviam nos emprestado remédios no início do surto. Não estamos preocupados com a falta de medicamentos. Nossa preocupação é que a população efetivamente faça o que tem que fazer para se prevenir e que nossos técnicos continuem procurando a causa para evitar que isso se repita —, declarou o secretário Estadual de Saúde.  
As medidas adotadas pela população até agora, como tomar água fervida ou mineral e higienizar bem os alimentos com água fervida, devem ser mantidas.   

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