20/03/2018 às 09h46min - Atualizada em 20/03/2018 às 09h46min

O impacto do clima na cultura da soja

Atos e Fatos/Difusora
Foi dado início a mais uma colheita da soja em nossa Região. As primeiras lavouras, semeadas no final de outubro, já estão recebendo as colheitadeiras para a safra 2017/2018. Embora que ainda sejam poucas as áreas prontas, produtores que apostaram no plantio precoce contaram com um clima favorável durante todo o ciclo da soja. A falta de chuva, que para lavouras semeadas principalmente a partir da segunda quinzena de novembro foi prejudicial, beneficiou as lavouras do cedo, proporcionando melhor maturação do grão e possibilitando a colheita sem maiores transtornos.
Por contar com um clima apropriado, onde não faltou chuva, as lavouras semeadas precocemente tiveram um bom desenvolvimento vegetativo, com boa formação de vagens, apresentando médias que estão variando entre 50 e 60 sacas por hectare. Há registros de produtividade média por hectare de 70 sacas, porém são casos isolados, que se beneficiaram de clima e investimentos apropriados.
Paralelo a isso, a grande maioria das lavouras de soja ainda encontram-se na fase final de enchimento de grãos e o atual déficit hídrico registrado nas últimas semanas, principalmente na região de Três Passos, causou preocupação aos sojicultores. As chuvas ocorridas na quarta e quinta-feira minimizam os problemas, porém as lavouras que já foram afetadas pela estiagem dificilmente vão recuperar as perdas já registradas. O bom volume de chuva registrado nesses dois dias permite que a planta que ainda encontra-se no estágio de enchimento de grão possa completar o ciclo naturalmente. Algumas lavouras vinham apresentando um amadurecimento desuniforme, porém essas chuvas permitem o “emparelhamento” da maturação.
“A disparidade nas precipitações pluviométricas afetou diferentemente as lavouras da região. Algumas localidades receberam chuvas que não atingiram outras. Essa diferença é fator preponderante e implica diretamente na produtividade”, explicam os técnicos da empresa Pedralli Filhos, de Três Passos.
Carlos Eduardo Vivian, engenheiro agrônomo da empresa, explica que nesta safra veremos de tudo: recorde em produtividade e quebra de até 20%. “Essa variação se justifica não só pelos investimentos aplicados a cada lavoura, mas também pela irregularidade das chuvas. O agrônomo explica ainda que alguns produtores não realizaram o combate adequado às doenças e pragas da cultura. A ferrugem asiática é uma das principais doenças da soja e, associada ao ataque de ácaros, implica em menor rentabilidade. Existem lavouras em que esse combate poderia ter sido feito de melhor forma e com baixo custo, porém alguns produtores quiseram evitar esse gasto e inevitavelmente acabarão perdendo valores bem maiores pela baixa produtividade ocasionada por esses fatores”, conclui Carlos Eduardo.
Para Cesar Glinke, técnico agrícola da Pedralli Filhos, a safra 2018 deve apresentar um rendimento médio por hectare de 50 a 60 sacas. “Num contexto geral, a grande maioria das lavouras sofreu com o déficit hídrico e isso naturalmente já representa uma certa quebra na produtividade. Quando mais a planta necessitou de água, faltou”, enfatiza Cesar. No mês de fevereiro, em Três Passos, foram registrados somente 76mm de chuva. Justamente na fase reprodutiva quando a planta necessita de mais água, o índice foi baixo, e, com o clima seco, ocasionou a aceleração de alguns estágios da planta. “Por mais impactante que tenha sido essa estiagem que passamos, ainda assim, teremos uma boa safra. Quanto ao clima não há o que fazer, porém produtores que investem nas lavouras, praticam a rotação de cultura, optam pelas melhores variedades de sementes, aplicam adequadamente fertilizantes para recuperação do solo e combatem as pragas, a produtividade não é afetada. Investir bem, é a solução, finaliza Glinke.

Mercado da soja
Gilberto Pedralli, sócio-proprietário da empresa Pedralli Filhos, relata a reação dos preços do grão como uma situação inusitada. A estiagem nas regiões produtoras de soja na Argentina fez com que os valores pagos pelo produto tivessem um aumento considerável. “Há 60 dias o valor da saca de soja girava em torno de R$ 57,00, hoje (13/3), paga-se R$ 68,00, um aumento considerado excelente e que ainda pode melhorar caso as chuvas previstas para esse final de semana na Argentina sejam insuficientes”, destaca o empresário. “Negociamos a venda-futura da soja com nossos produtores ao preço médio de R$ 72,00 e o preço de balcão hoje já está pagando quase isso, considerando alguns benefícios concedidos. Ninguém imaginava que os valores de R$ 57/58 praticados na época do fechamento dos contratos-futuros pudessem alcançar os atuais patamares. Mesmo assim, quem optou por isso não vai perder dinheiro, pois na maioria das vezes o produtor não compromete mais que 30% a 40% de sua produção na venda-futura, até mesmo pelas incertezas quanto a produtividade das lavouras e eventuais multas, caso não cumpra o contrato. Essa modalidade de negociação permite que o sojicultor garanta que os custos de produção sejam liquidados e agora tem a possibilidade de especular o mercado e efetuar o faturamento quando necessitar”, finaliza Pedralli.

 
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