31/03/2017 às 10h02min - Atualizada em 31/03/2017 às 10h02min

É preciso discutir política

O debate sobre a importância da política é costumeiramente criticado no território brasileiro. Os cidadãos não criam o hábito de discutir questões relacionadas à conjuntura organizacional do Estado. A política é rechaçada em muitos discursos e os seus agentes são frequentemente desvalorizados. Alguns momentos da história, porém, demonstram que essa realidade nem sempre é a correta.
Nos últimos meses, com o governo de Michel Temer (PMDB), os brasileiros têm firmado suas atenções nos noticiários nacionais. As reformas estruturais, incluindo o Direito do Trabalho e o Direito da Previdência, suscitam muitos debates. O motivo é simples: as alterações propostas por parcela significativa da classe política tendem a afetar, sobremaneira, a vida de todos ou, no mínimo, da maioria dos indivíduos.
A partir disso, surge a pergunta: será mesmo que a política não é importante? As críticas são contundentes quando o assunto é vereador, prefeito, deputado, senador, governador e presidente. Inserir todos os agentes públicos, ocupantes de cargo eletivo, em um mesmo conglomerado e exteriorizar xingamentos, por vezes infundados, inclusive, são bastante comuns.
Todavia, no momento das eleições, mesmo continuamente citada, a consciência cívica é esquecida. Os eleitores – e não são poucas as vezes – vendem o seu direito ao voto por meros favores instantâneos. A consequência é só uma: o descrédito exacerbado da classe política. Além disso, por conseguinte, a vitória das urnas, infelizmente, não é sempre a dos bons e sábios representantes e governantes.
É clichê dizer que os cidadãos precisam se conscientizar de seu papel na sociedade. É clichê dizer que os cidadãos precisam entender que a política é uma ciência social aplicada e necessária. É clichê dizer que os cidadãos não podem pensar unicamente em vantagens momentâneas em troca do seu voto. É clichê, mas, ao mesmo tempo, é sempre oportuno relembrar.
As modificações previdenciárias e a aprovação legislativa da terceirização são as provas contemporâneas absurdamente concretas de que a política não deve ser deixada de lado. As grandes mutações da sociedade, tanto em viés positivo quanto negativo, derivam da atuação dos agentes políticos. O Estado tem expressiva responsabilidade e ele funciona, em tese, sob o comandado daqueles eleitos pelo povo, isto é, pelos políticos.
Os poderes Executivo e Legislativo são, como costumeiramente se diz, a cara do seu povo. Um povo heroico, sabedor de suas prerrogativas e da importância do seu voto, não elege falsos profetas ou despreparados gestores e edis. Contudo, um povo ignorante desconhece a função pública e faz dela um ambiente de notório desprestígio. Isso não é clichê. Isso é a realidade de um país que ainda não conseguiu enxergar que a política move a sociedade.
Por isso, é imperioso que todos abracem as causas sociais, deixem de lado o comodismo e, principalmente, exerçam as suas prerrogativas constitucionais, decorrentes de um Estado Democrático de Direito calcado na dignidade da pessoa humana. Todos somos povo. Todos somos cidadãos. Todos somos sujeitos de direito. Façamos, pois, a lição de casa. E a principal lição de casa é não ficar somente fechado dentro de casa. É preciso agir.
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